Serial Frila: janeiro 2006

25 janeiro 2006

Drop the attitude, viva feliz

(publicado originalmente em 25 de janeiro de 2006)
(revisado e republicado aqui em 24 de novembro de 2006)


This picture is hosted by ImageShackNa última coluna, em meio à minha sempre interminável divagação pelo tema da edição em reality shows, mencionei os comportamentos estranhos dentro dessas séries protagonizadas por seres irreais em situações pretensamente reais (em especial, Blow Out).

Hoje, retorno com ênfase a essa parte do comportamento, e a palavra em questão será a sempre ouvida e nem sempre compreendida "attitude", que pode adquirir múltiplos sentidos dependendo da situação. Ao lado, como exemplo, podemos ver o saudoso Sr. Johnny Cash externando certa dose de autêntica attitude, causada pelos anos e pelas entranhas.

This picture is hosted by ImageShackÉ evidente que o significado literal do inglês "attitude" é algo próximo de "comportamento", em português. Quando é usada com uma intenção positiva, a palavra indica "personalidade", "autenticidade" ou "firmeza de posicionamento". Sendo assim, "Fulano tem muita personalidade, sabe o que quer, não é um frouxo" vira "One's got a lot of attitude". Só que o sentido pejorativo no uso dessa palavra (vindo de "bad attitude") é tão forte que isso atualmente influi bastante na forma e na constância de uso. Isso significa que, em quase todas as vezes que a gente ouve "attitude" nas séries - e é uma constante - a tradução ficaria entre "convencimento", "arrogância", "prepotência", "egolatria" e as consequências dessa tralha toda - o popular "piti".

Modelos, em especial, estão envolvidas com a palavra até a raiz danificada de seus cabelos esquisitos. Sempre das duas uma: ou a tal coisa é exigida nas sessões de fotos ou reclama-se do comportamento de divas frescas - e isso tudo é sempre "attitude".

"E cadê as séries, meu filho??" Pois é, é aqui que eu falo delas.

This picture is hosted by ImageShackPor curiosidade pessoal e profissional, assisti àquela pérola chamada America's Next Top Model, criada e apresentada pela Srta. Tyra "16:9" Banks. Estava na fase de classificação inicial e eu, digamos, fui com a cara de uma certa candidata espetacular que apareceu por lá, chamada Brita. Pra minha surpresa, no programa seguinte, depois da limpa geral, Brita foi a primeira das finalistas a ser eliminada.

This picture is hosted by ImageShackTendo em vista que outras candidatas eram monstruosas e que eu fiquei indignado com aquele disparate, vim procurar no Google a respeito da eliminação da moça (foto ao lado, que não faz jus). Entre outros fãs reclamantes, achei uma entrevista da própria candidata, dizendo que ela sabia de antemão que ia ser eliminada, não necessariamente por alguma fraude ostensiva, mas por sua experiência como modelo, pelo andamento do "jogo" e pela natureza dos envolvidos e daquele meio.

Vi o episódio seguinte pra tentar enxergar o que ela dizia ou até, quem sabe, pra tirar a má impressão. Pois foram três, ao todo; não foi possível assistir a mais do que três capítulos daquilo.This picture is hosted by ImageShackThis picture is hosted by ImageShack Entre jurados absolutamente repulsivos, um cidadão dono do penteado mais ridículo do Ocidente (bate Donald Trump e ainda lembra um coadjuvante do Banana Splits Show), um festival de arrogância sem qualquer sustentação e n situações vergonhosas inventadas pelo programa ou pelas participantes, America's Next Top Model só veio reforçar, com tudo, aqueles conceitos comuns sobre as modelos. Isso, claro, para aqueles que, como eu, ainda mantinham alguma dúvida saudável sobre o assunto e não se deixam levar fácil por preconceitos. Jornalista é assim... Tem de duvidar mesmo que (e ainda mais quando!) pelo benefício dos outros...

Tapadas ao extremo e mesmo assim cheias de vontades e opiniões (lotes, montes, pilhas de "attitude" em sentido condenável), as moças não deixaram margem a especulação. As que estavam ali, pelo menos, mostraram índices tão altos de ignorância e prepotência que nenhuma mereceria ser "top qualquer coisa" que fosse. Aliás, nem os jurados.This picture is hosted by ImageShack Diabos, se é pra soltar o verbo, pela futilidade e falta de tato que esse povo demonstra, eles todos nem mereceriam ter qualquer emprego neste mundo! Fazer fofoquinha umas das outras, apelar por "verdades inventadas", se achar a boa-acima-de-todas, dar chilique mesmo tendo tudo à mão, tudo isso não apenas dificulta o profissionalismo de quem está em volta (maquiadores, fotógrafos, figurinistas) como também é a essência da atitude anti-profissional por si só.

É uma competição? Beleza. Quando foi que competição virou sinônimo de "eu preciso arrancar sua cabeça"? Não é possível que vença a mais profissional, a mais versátil, a mais bonita, a mais fotogênica, a mais acessível? Tantos quesitos, tanta coisa a ser trabalhada e as débeis mais preocupadas em puxar tapetes... Como Patrick Dempsey bem ouviu num dos primeiros episódios de Grey's Anatomy, "você não é o inimigo, é apenas um competidor".

Assim como em Blow Out, as emoções são engessadas - a não ser quando elas são eliminadas e choram. No resto do tempo, o mesmo "clima" artificial, as mesmas expressões sem brilho, a mesma falsa camaradagem e a mesma perversidade subjacente. E aí quem tem algum tutano de verdade fica de saco cheio (com razão ou não), dá um espalho pra cortar a "bullshitagem" (foto abaixo) ou vai desabafar no pós-parto, como a dita Brita descrita.

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Como eu disse antes, exemplos de "estranheza" nesses moldes também vão ser encontrados num Extreme Makeover ou Queer Eye (mais uma vez, vide última coluna), ainda que as propostas sejam bem diferentes. Entretanto, a dosagem e a natureza da coisa são totalmente outras... Dizem que o comportamento incômodo é um traço comum dos americanos. Bom, os ingleses malucos nos reality shows do People&Arts também agem assim a torto e a direito. Curiosamente, seja na Blairlândia ou em Bushópolis, os apresentadores costumam ser mais desenvoltos e emocionais que os próprios candidatos transformados. Claro que estão ali pra isso e, não raro, têm preparação como atores. Mas será assim tão difícil expressar emoções verdadeiras?

Na falta delas, o "participante médio" busca ser cool, e assim se torna falso, em busca de uma attitude que não é realmente a sua, e sim aquela construidinha pra ser mostrada e esfregada na cara. O resultado é que tentar desesperadamente ser cool fica muito, muito uncool...

This picture is hosted by ImageShackNão, minha gente, "attitude is not everything". Tentam espalhar essa bobagem há tempos... Como diria Içami Tiba, "o importante não é ter razão, o importante é ser feliz" - e, muitas vezes, foda-se quem tem a razão (o delicado adendo é nosso). Olha só o que eu fui citar...

Mas é sério que não vale a pena o esforço. Quando ele existe, em 90% das situações vai ficar falso. Seja mais autêntico, mais você, e essa tal de "attitude" vai transparecer sem gasto de energia adicional - e vai ser notada. Não adianta falar "não ligue pro que os outros pensam". A verdade é que todo mundo liga, sim, e isso faz diferença pelo fato de vivermos em sociedade, termos família, amigos, etc. O que eu digo é: não ligue tanto, porque a vida, apesar de tudo, é sua.

Aí, fica até difícil acreditar que um canal de TV tenha baseado toda a sua reformulação de imagem em torno de algo tão dúbio e vazio quanto esse conceito. Nariz em pé não é o tipo da coisa bem vista por ninguém neste planeta, e personalidade certamente não tem a ver com o canal a que você assiste. Aliás, o Sony nada mais é que um mero canal de TV cuja programação é totalmente importada. Onde estaria qualquer mané porra de atitude em meio a isso?? Cadê a personalidade própria, se ainda formos legais e considerarmos só o "bom sentido" da expressão? O que se vê de conteúdo próprio, na verdade, são as lamentáveis inserções nacionais escritas e filmadas nas coxas, sem planejamento, texto, direção, pronúncia ou critério.

Jornalismo? Passou muito longe dali. Bom senso? Parafraseando o Oasis, "não deposite sua vida nas mãos de um canal de TV, pois ele certamente vai pôr tudo a perder". Sidney Santiago, pobrezinho, é risível como apresentador... Os outros dois poseurs só se salvam.

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Apesar disso, escolhi antes o canal Warner para dar nome às "caburradas" porque, ainda que o Sony tenha sua fatia, apresenta ainda mais acertos que erros, sem dúvida. Infelizmente, o canal andou dando uma piorada nesse quesito, ao reforçar sua campanha-mancada com spots nada mais que ridículos. Neles, alguns aparecidinhos cheios de falsa malandragem (attitude sem lastro) pagam micos incríveis, desnecessários e sem graça, com a única intenção de encher o saco de quem está do lado de cá esperando sua série preferida começar. Sony, me ajuda aí!

Pois é... Seja querendo extravasar o que não existe ou seja por nariz empinado comprado no shopping, a nota vai ser sempre zero. Lembrem-se das sábias palavras de Morpheus: "Stop trying to hit me and hit me!". Sabe o que significa isso?
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17 janeiro 2006

O zen e a edição da realidade

(publicado originalmente em 17 de janeiro de 2006)
(revisado e republicado aqui em 24 de novembro de 2006)


Não sou um fã de reality shows no geral, mas às vezes assisto a algumas coisas que costumam ser encaixadas nessa categoria (por falta de outra melhor). Mas gosto dos programas que narram histórias, meio como uma ficção faria, ou transformam a vida das pessoas em algo melhor. O que não dá pra ver são os shows de competição entre tapados... Esses estão mais "além do alcance" que visão de Thundercat.

This picture is hosted by ImageShackNão sei se o leitor já percebeu isso também, mas dá pra fazer uma certa distinção esses dois tipos: a série de "realidade" e a série de competição vazia. Pra efeito deste texto aqui, vamos dar nomes diferentes a elas. As primeiras serão os "programas reais" e as segundas, os "programas de competição".

Os "programas reais" às vezes despertam interesse, seja pelas dicas, pelas curiosidades, pela trajetória dos não-personagens ou até uma certa visão sócio-cultural diferente e importante de ser notada. Nessa condição, entram, por exemplo, Extreme Makeover, Queer Eye, Blow Out, programas ingleses malucos do People&Arts e outros semelhantes. Nos outros, zero de conteúdo, zero de entretenimento, zero de talento e muito tempo perdido em coisas como Survivor, American Idol, America's Next Top Model, The Bachelor ou o programa conhecido dentro da minha cabeça como "Bela Bosta Brejão", que estreou sua edição 2006 há pouco (fãs da pseudo-música do TVZ, não percam!). Participantes entram ali com o único objetivo de comprovar como o ser humano pode ser obtuso numa gincaninha desinteressante que dura dias ou meses. Vamos esquecer essa categoria (ou falta de). Nosso interesse não é fazer mais uma coluna de TV descendo o malho nesse tipo de coisa.

Nos "programas reais", dá uma sensação boa ver a vida de alguém transformada em algo melhor. É por isso que comédias românticas e contos de fada dão certo em filmes e devem continuar na área durante um bom tempo. É também o motivo de você jogar na Mega-Sena toda semana. Não precisa de tanta razão pra gente querer ver, basta a esperança de final feliz. Já nos casos em que não há transformação, só narração, o desenrolar da "história" não parece assim tão diferente do de uma série de ficção sem roteiro e sem o direcionamento que os roteiristas viriam impôr pra manter nosso interesse. Então, como manter o espectador na frente da TV? Não se engane: pode não haver script, mas em qualquer programa dessa natureza há direcionamento, e ele é tão pesado quanto o de um roteiro.

This picture is hosted by ImageShackExistem recursos que levam o conteúdo exibido a ser algo diferente da realidade esperada. Afinal, mesmo sendo do agrado, é muito difícil que uma série espontânea demais tenha sucesso sem os dedos de algum mestre dos bonecos. O mais rasteiro desses recursos é bem perceptível nos "programas de competição": criar uma falsa realidade e enfiar ali a humanidade das pessoas (já alterada pela própria presença na TV), vendendo o produto final como se fosse muito autêntico. Ótimo exemplo é o estupidamente falso The Swan, que misturou as duas categorias, tentou agradar todo mundo e acabou passando do ponto. Pegando os piores aspectos de Extreme Makeover numa cópia-frankenstein, o programa criou mulheres horrorosas de plástico (o que me lembra das "Plastics", do bom filme Mean Girls), juntou uma equipe de profissionais canastrões coesa por ocasião e sem brilho algum, uma estrutura cafona até a tampa, uma apresentadora britânica para dar um falso ar de sofisticação e caminhou com tudo para... mais uma maldita competição! As mulheres ficam distorcidas e ainda têm de ser lembradas no final de que elas continuam não sendo suficientemente bonitas. Maravilha. Essa desgraça ainda rendeu uma segunda temporada e a terceira está em pré-produção.

This picture is hosted by ImageShackO direcionamento mais utilizado nessas ocasiões, entretanto, é um tanto sutil e ludibria o espectador médio quase sem deixar vestígios. Trata-se da edição. Comumente, esse recurso é associado à técnica da poda na ilha de edição de vídeo, o momento em que cenas entram e cenas caem. Mas a edição é algo muito maior, um verdadeiro estado de espírito. Além da mera técnica de enxugamento e montagem, representa também censura disfarçada, pensamentos (e preconceitos) de diretor, políticas de empresa, moral vigente e mais uma porrada de coisas que não estão nos timecodes e arquivos digitais, mas na cabeça dos envolvidos, interessados em pôr na sua frente uma realidade que não é bem assim. O processo de edição é a verdadeira Matrix da TV.

Como eu disse, não vou entrar hoje no mérito dos reality shows competitivos, que precisam de heróis e vilões e efetivamente os fabricam dessa forma (a despeito das óbvias declarações contrárias dos criadores). Vamos ficar só nos "programas reais", que vendem reações como verdadeiras e situações como possíveis. Aliás, por tudo o que está escrito até aqui, acho que é melhor já concluir de antemão que a minha distinção anterior não vale nada. Na verdade, não existem verdadeiros reality shows - ou "programas reais" ou o que seja... Vamos reunir tudo de novo sob uma nova categoria, o "fake show".

Em um "fake show", a vida é levada em potenciação. Tudo é ao quadrado ou ao cubo. Por exemplo, enquanto aqui fora esse papo hipócrita de "não julgueis" nunca valeu, lá todo mundo julga todo mundo o tempo todo porque todo mundo é suspeito de tudo o tempo todo. Há sempre uma tensão estúpida no ar, no melhor estilo de filme de suspense classe C. Os envolvidos sabem o que se passa e o que vai acontecer, mas algo impede as pessoas de dizer as palavras certas e pensar com a cabeça. É tudo como a gente conhece normalmente, mas extremado. A edição vem exatamente privilegiar e valorizar artificialmente essas situações e acontecimentos corriqueiros, destacar o conflito trivial, condenar alguém à berlinda por algum errinho besta. Não há realidade alguma que não tenha o viés desejado. Existe uma palavra perigosa que não deve ser usada em jornalismo porque muito raramente vai caber com propriedade, mas nesses programas não-jornalísticos, a ordem é manipulação mesmo, não tenha dúvida. Cá entre nós: você acredita em reality show?

This picture is hosted by ImageShackEntra Blow Out. Apesar de assistir uma vez ou outra com certa simpatia, resolvi apelidar o programa como "o fake show por excelência", junto com tal do America's Top Model, que é impossível de se ver. Tudo ali sempre parece combinado e artificial, os diálogos, as situações, as personalidades do povo, as reações - tudo. Aquele pessoal já é bem esquisito de verdade, e então a edição cuida de tornar a esquisitice uma coisa ainda mais próxima de ficção com personagens.

Por um momento, pense que você é um CSI e busque a evidência onde aparentemente não há nada. A melhor forma de detectar a edição sacana de Blow Out é pelas chamadas entre o fim de um bloco e o começo do outro. Em 95% dos casos, mostra-se uma tensão de algum tipo, com uma música de fundo algo dramática e uma colagem rápida de cenas fora de contexto. Quando entra o bloco seguinte, você percebe que aquela situação e as reações que a envolviam eram bastante diferentes do que esperado. E o pior é que o que é mostrado também sofre uma edição deslavada, de modo a concentrar o máximo de dramaticidade no menor tempo.

Quanto ao "elenco", ele é perfeito para um show do tipo. Os egos envolvidos são monumentais e as personalidades são mais falsas que anúncio de remédio via spam; a água de Hollywood deve estar contaminada e esses americanos são todos uns loucos! Digo, aquele povo que está na TV tem botox na alma, só pode ser... É impressionante a incapacidade dos cabeleireiros, assistentes e afins de expressar alguma emoção verdadeira. As únicas situações possíveis ali são as seguintes: ou o sujeito se expressa de forma esfuziante e na verdade não sente nada (e a falsidade fica evidente) ou então acontece algo que desperta uma reação interna até forte, mas essa reação nunca é expressa.

É uma gente tão absurda que acaba ficando divertido. Por que é que, quando algo meio estranho acontece, eles ficam se encarando de uma maneira desconfortável, ao invés de tentarem se comunicar, dizer algo, resolver a situação? Vivem criando climas desnecessários onde não deveria haver qualquer problema. Todos cobram profissionalismo uns dos outros, mas defendem sua busanfa a todo custo e, quando os colegas ou clientes viram as costas, detonam uns aos outros sem dó. Beleza de profissionalismo. Eu devo estar desacostumado com o mercado de trabalho atual...

This picture is hosted by ImageShackO patrão Jonathan Antin (que participou dos primeiros Extreme Makeover como o cabeleireiro que dava jeito nos participantes) é um ótimo exemplo do "comportamento botox". O sujeito realiza um dos maiores sonhos da vida dele ao criar uma linha de cosméticos em escala industrial. Recebe a notícia e não comemora, não sai pulando, não faz coisa nenhuma. Liga pra irmã, informa como quem diz "Olha que bom, achei uma nota de 10 na rua" e é a irmã que enlouquece um pouco - talvez ela devesse estar no show. O cara dá uma chorada que não enche uma tampinha, fala (só com a boca) que está muito emocionado, não altera a expressão, se esforça pra não deixar ninguém perceber que a coisa é grande... e pronto, é isso. É o momento mais emocionante da vida do sujeito. E isso tudo sem mencionar que, no processo, ele conseguiu "brigar sem brigar", sem razão nenhuma, com o mané que concretizou tal sonho. E conseguiu não se emocionar com mais uma pá de coisas profissionais e pessoais.

This picture is hosted by ImageShackÉ bem mais interessante quando, num Extreme Makeover, por exemplo, a família chora, o participante dá pulos de alegria e você vê que até os profissionais envolvidos gostaram de estar ali. Nós damos a eles o benefício da dúvida, porque os resultados parecem verdadeiros, mas, sim, há atuação e há edição forte também. Ela só não procura criar a falsidade excessiva de outros títulos, já que todo mundo sabe mais ou menos como vai ser o final do programa.

Repare nos créditos (muito rápidos) no fim de Extreme Makeover. Em todos (além do nome de um blur que não é o blur e de um John Byrne que não é quadrinista), há o nome de um profissional de psicologia, mas nem me lembro da última vez em que isso foi mostrado durante o programa. A palavra de ordem é minimizar esse impacto na edição. Todo mundo fica feliz, tudo é perfeito, happy, happy, joy, joy. Você já se perguntou alguma vez se todos os participantes convocados tiveram êxito e foram ao ar? Se ninguém surtou durante a recuperação?

This picture is hosted by ImageShackMais coisa: por que algumas declarações dos participantes parecem perfeitas? Porque são escritas assim. E por que, na hora de experimentar roupas, todos aparecem dançando de um jeito exagerado e igual? É como a produção exige. Por que é que andar em grupo na rua significa sempre fazer aquele joguinho besta de pernas? Porque fica bonitinho no vídeo e a produção do programa sabe disso! Oh, a revelação: Extreme Makeover tem um roteiro básico a ser seguido à risca; não é exatamente um programa "sem roteiro", como os reality shows são muitas vezes chamados lá fora.

Há muita maquiagem pra que a gente veja só o que eles querem mostrar. Basta comparar a primeira e a segunda temporadas. Antes, não havia "Extreme Mansion" (eram hotéis e resorts) ou "Extreme Team" (bom, não havia o nome, e os envolvidos continuam variando). Nem sempre tínhamos um apresentador ou cenários fixos. A coisa toda era mais informal e natural, com foco nos progressos alcançados. Os profissionais não eram necessariamente tratados como estrelinhas de TV, mas como os luminares que realmente são em suas áreas, e mudavam segundo a necessidade. Além disso, sempre houve uma distorção de resultados monstruosa pra que a pessoa seja apresentada "perfeita" no fim, esteja ela como estiver por trás dos tapumes - e dificilmente ela estaria tão bem azeitada quanto mostram.

Acabou tudo transformado em espetáculo, mas vamos encarar: os primeiros capítulos, comparados com os atuais, eram bem sem graça, sem formato. Essa coisa de "maquiar resultados" não teria como não existir... E continua sendo bem legal ver como a vida das pessoas pode mesmo mudar com aquilo. Se muda ou não, só saberemos lendo entrevistas "por fora" ou esperando algum livro "revelador" sobre os bastidores das coisas, daqui a uns anos.

This picture is hosted by ImageShackNesse aspecto da transformação, talvez Queer Eye For The Straight Guy talvez seja o mais interessante de se ver. Com certeza é o mais bem-sucedido, a ponto de ter despertado tanto impacto social com a onda "metrossexual". Com uma abordagem original dentro do formato, a edição desse programa não necessariamente destrói sua credibilidade, mas contribui. Tudo bem, a casa da "vítima" algumas vezes parece zoneada demais, como se tivesse sido preparada pra parecer pior do que é, mas... Sei não... Eu não duvido que alguns indivíduos sem noções de conforto realmente vivam em chiqueiros daquele porte. E é claro que existe uma equipe enorme de gente que nunca aparece, comandada pelos Fab Five, mas aí nem é uma questão de edição, e sim de formato. Cinco principais, o "convidado" e seus eventuais coadjuvantes são suficientes.

Depois da avaliação inicial do candidato é que o programa se mostra. Não dá pra negar que as transformações - de certa forma, até bem simples - enriquecem a programação. As dicas são no mínimo curiosas e os cinco apresentadores são engraçados e parecem quase sempre autênticos. Na verdade, acho até que eles se seguram um pouco em autenticidade, pra não causar constrangimento nos mais conservadores - é quando entra a famosa edição. É importante notar que uma das maiores razões do sucesso do programa está aí: são cinco gays que não precisam chocar pelos estereótipos homossexuais negativos de sempre, mas que impressionam sim pela sofisticação, pela inteligência, pelo papel de verdadeiros anjos-da-guarda dos desmazelados. Veja você, dos mais sensíveis aos mais homofóbicos, passando por motoqueiros, hippies e fratboys descerebrados, todos os caras acabam tirando coisas boas da experiência.

Outro ponto para o Fab Five: alguém teve a idéia de usar a mordácia naturalmente identificada com os gays (também um estereótipo) como algo positivo. A questão da edição também entraria aí, se tivessem resolvido limar os comentários mais ácidos. Ao invés disso, na segunda etapa do programa, os cinco se reúnem para avaliar os progressos do candidato e desfilam comentários hilários e pertinentes, muitas vezes pesados e sem censura mesmo, sobre o camarada, a casa dele, a roupa, a comida, a namorada, a família...

This picture is hosted by ImageShackQue pesem dois fatos: Queer Eye é produção de um canal a cabo, e não da TV aberta americana. A auto-censura é menor e a liberdade criativa é bem maior nesses casos. O segundo é que o canal em questão é o Bravo, um canal cujo princípio maior é voltar-se à diversidade cultural - e, por extensão, à maior aceitação sexual. Outros programas da emissora têm temática gay, e isso tudo mostra por que Queer Eye é uma espécie de exceção que deu mais certo que os demais reality-fake-shows.

Onde não há medo da verdade, não há necessidade de ocultá-la sob edição tendenciosa. Mais sobre reality shows, direcionamento de séries, censura e outros assuntos afins nas próximas colunas. Por enquanto, só uma pergunta: o nosso velho amigo Warner Channel jogar The L Word para o ingrato horário atual (de sábado pra domingo), sem reprises ou chamadas, é também uma forma de censura ou só mais um dos péssimos e surrados warnerismos?
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10 janeiro 2006

Golden Globe: interações, indicações e dosagem

(publicado originalmente em 10 de janeiro de 2006)
(revisado e republicado aqui em 25 de outubro de 2006)


Começa o ano e, como sempre, chega a hora de mais um Globo de Ouro. A cerimônia de revelação dos ganhadores e entrega dos troféus acontece no próximo dia 16, com transmissão integral pelo canal a cabo Sony (e também pelo SBT, com comentários de Rubens Ewald Filho).

This picture is hosted by ImageShackNa posição de colunista, deixo aqui minha avaliação dos indicados na área. Antes, um pitaco na teoria. "Globo de Ouro" ou "Golden Globe"? O primeiro é bem dureza e ainda remete ao programa barangaço que a gente viu na Globo durante um tempão. O segundo é preciosismo ou obrigação profissional - mas, na prática, ninguém chama a Framboesa de Ouro de "Golden Raspberry" por aqui... Pô, que dúvida importantíssima!... O que não pode é o canal Sony continuar, ano após ano, dizendo "entrega dos Golden Globe Awards", que isso é bobagem. "Awards" significa "entrega de prêmio", não faz parte do nome do prêmio, e a frase fica redundante. E agora vieram com essa inexplicável de "o pesadelo do Oscar"... tsc, tsc...

Pra facilitar pro leitor (tem alguém aí?), transcrevo cada categoria e faço comentários sobre elas uma a uma, na sequência.


Melhor série - Drama
- Commander in Chief
- Grey's Anatomy
- Lost
- Prison Break
- Roma


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Não tem como negar, eu e a torcida do Planeta Terra Futebol Clube temos Lost como favorito. Prison Break foi tão vendida como "uma nova 24 Horas" que eu me decepcionei no começo e não quis ver mais muita coisa, apesar de não ser ruim. Já Roma, que passa na HBO, me disseram que tem uma produção excelente, como costumam ter as séries do canal. Mas HBO é muito caro e eu não tenho em casa, não pude acompanhar. Estranho é que tenham entrado na lista Commander in Chief e Grey's Anatomy.

A primeira faz parte de um rol que não me interessa: séries sobre vida de presidente americano (assim como The West Wing, Jack and Bobby ou DAG). Sinceramente, deve interessar ao povo de lá e fica assim. Dizem que é bem-feita (como WW), mas tem muita coisa a se desfrutar no mundo, e rotina de presidente e ufanismo vazio de americano não fazem parte delas. Meu estranhamento vem do fato de sempre ter parecido uma série das mais comuns, estrelando o imenso bico canastrão de Geena Davis, sem nada de especial. As (e os) feministas devem ter feito algum lobby por motivos óbvios, quando na verdade deveriam ter feito um protesto gigante pelo fato de a mulher se chamar Mac.

Grey's Anatomy vai pela mesma linha, não tem esse calibre todo. Como é moda agora (Grounded For Life, CSI, That '70s Show), os episódios têm nomes de músicas, o que dá uma boa pista da colagem de clichês que é a série - mais um drama de hospital, aliás. Isso seria uma boa sacada se tivesse sido usada uma única vez com total adequação dos nomes, mas já virou besteirinha pra deslumbrado. Apesar disso, é um bom programa, com histórias mais ou menos bem manipuladas (Scrubs faz isso com muito mais maestria) e... aaah, tem Katherine Heigl. A primeira temporada teve apenas 9 episódios - surgiu pra tapar um mid-season e acabou emplacando - e pode ser que a segunda, já na metade por lá, tenha apresentado mais envergadura que a gente ainda não conheça.

This picture is hosted by ImageShackThis picture is hosted by ImageShackThis picture is hosted by ImageShackAusências um tanto estranhas vão para a própria 24 Horas, sempre uma concorrente fortíssima, Supernatural, que é realmente um barato, mas é do gênero fantástico e costuma ficar lamentavelmente à parte nos GG, e Medium, por ser, no mínimo, tão bacana (mas não tão "sexy", ok...) quanto Grey's Anatomy. Não me perguntem por quê, mas Desperate Housewives entrou na categoria de comédias. A série fica no limbo conhecido como "dramedy", a mistura dos gêneros, mas claramente pende muito mais para o drama cotidiano (exagerado) que para o humor (bem-escrito, porém um tanto sutil em conteúdo e presença).


Melhor série - Musical ou Comédia
- Curb Your Enthusiasm
- Desperate Housewives
- Entourage
- Everybody Hates Chris
- My Name Is Earl
- Weeds


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Vão me desculpar aqui, mas os melhores textos humorísticos atualmente no ar são, sem qualquer sombra de dúvida, Scrubs, Two and a Half Men e Arrested Development, que não concorreu. Comparados (em termos de comédia) às indicadas, então, são tão originais, ágeis e francamente hilárias que Desperate e Weeds nem seriam consideradas. São séries em que se nota o trabalho pesado em ritmo, em se criarem piadas e pequenas situações com grande coesão, em escrever cada palavra correta do roteiro, em mostrar perspicácia sem deixar a peteca cair. Seguem a escola de Frasier, Seinfeld e Friends. A ausência de ambas é, pra mim, inexplicável.

No caso de Desperate, cria-se apenas uma situação cotidiana enorme, um desenrolar lento e jogam-se os personagens, todos muito vagarosamente reagindo aos acontecimentos a seu modo peculiar. É um humor menos escancarado, ainda que muito bom. Não se discute que é uma grande série, só é esquisito demais que esteja nesta categoria e ainda por cima ocupando o lugar das duas injustiçadas. Weeds cai mais ou menos no mesmo molde. Desperate mereceria a indicação e talvez até o prêmio em drama. Algo está muito errado...

Curb Your Enthusiasm também é HBO, e eu só leio gente falando (bem) a respeito. Não tenho idéia se ainda passa (tinha até um nome nacional babaca demais, como sempre), assim como Entourage, mais uma da HBO. Pra compensar isso tudo, uma autêntica sitcom realmente engraçadíssima faz a surpresa: Everybody Hates Chris. Por último, My Name is Earl ainda vai estrear aqui no canal FX e promete.

This picture is hosted by ImageShackÉ uma pena também ver que Grounded for Life, uma série sempre modesta com grandes atuações e texto bem trabalhado, teve seu fim em 2005 sem ter conseguido o reconhecimento que merecia.


Melhor atriz - série Drama
- Patricia Arquette, Medium
- Glenn Close, The Shield
- Geena Davis, Commander In Chief
- Kyra Sedgwick, The Closer
- Polly Walker, Roma


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Assim como não pude ver Roma e não posso comentar sobre Polly Walker, também não vai dar pra falar de Kyra Sedgwick, uma vez que The Closer ainda vai estrear por aqui. O problema é que essa eu não vou ver por opção, assim como não vi Veronica Mars e, infelizmente, Battlestar Galactica. Se pudesse, proibiria o TNT de entrar na minha grade. Um canal que privilegia a dublagem e mutila áudio e vídeo de maneira totalmente alucinada não merece qualquer audiência. Boicote já! Mais sobre isso em uma futura coluna.

Esta categoria tá meio empacada... À primeira vista, Patricia Arquette seria minha indicação disparada, mas isso é só uma preferência pessoal. Gosto bastante dela e não vou muito com a cara da Glenn Close, que é uma excelente atriz, apesar disso. Sobre Geena Davis, falei acima, mas é provável que ela tenha grandes chances. Se sua série foi parar entre as favoritas e ela apareceu aqui, é porque há uma boa vontade forte com ela - não apenas é um presidente americano como é uma mulher ocupando o cargo. Dá-lhe, pieguice!


Melhor ator - série Drama
- Patrick Dempsey, Grey's Anatomy
- Matthew Fox, Lost
- Hugh Laurie, House
- Wentworth Miller, Prison Break
- Kiefer Sutherland, 24 Horas


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Categoria apertada, esta. Em termos de carisma e competência, indico pelo menos três concorrentes sérios: Dempsey, Laurie e Sutherland. O primeiro está inegavelmente bem em Grey's Anatomy, tanto física quanto profissionalmente. A mulherada adora o cara.

Hugh Laurie é um ator formidável, de talento excepcional, mas eu diria que corre por fora por estrelar uma série meio alternativa (ótima, a propósito) e por ser inglês. Quem algum dia pôde ver a série britânica A Bit of Fry & Laurie, com o também incrível Stephen Fry, vai ter de concordar comigo.

Kiefer Sutherland... O que se pode dizer? O cara nasceu para ser Jack Bauer! O mundo precisava de um agente do governo mais condizente com nossos tempos e de uma série tão bem planejada quanto 24 Horas. O inquebrantável Sutherland veio como uma bênção para o papel, calculista, quase inumano, com fôlego de dez agentes e uma capacidade de correr mais que qualquer maratonista. Por mim, ganhava todo ano. Interessante que seu pai concorra também, e em duas categorias.

De novo, não posso falar de Prison Break, mas é certo que Lost se apóia muito mais nos coadjuvantes e na história ultra-misteriosa e viciante do que em Matthew Fox. De qualquer forma, é série "queridinha" e o cara pode muito bem sair por cima.


Melhor atriz - série Musical ou Comédia
- Marcia Cross, Desperate Housewives
- Teri Hatcher, Desperate Housewives
- Felicity Huffman, Desperate Housewives
- Eva Longoria, Desperate Housewives
- Mary-Louise Parker, Weeds


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Desconsiderando, de novo, o fato de Desperate estar na categoria errada, seria bem difícil indicar quatro atrizes melhores que as protagonistas da série. É realmente um elenco incrível (contando ainda com Nicollette Sheridan, um monumento no alto de seus 42 anos!), encharcado de talento e beleza pra ninguém botar defeito.

Difícil apontar preferências que não sejam meramente pessoais... Eva Longoria virou um hit entre os mais novos (eu diria que, como atriz, é a menos favorecida entre as quatro), Teri Hatcher entre os mais velhos (tem se saído muito bem mesmo!), Felicity Huffman é provavelmente a mais habilitada e Marcia Cross fica no meio disso tudo (ainda que eu a considere a mais bonita).

Pobre Mary-Louise Parker, igualmente linda e competente... Vamos ver...

This picture is hosted by ImageShackDe resto, que atriz principal de comédia poderia estar aqui? Amanda Bynes? Gata até mandar parar, mas vamos falar sério... Debra Messing já cansou faz tempo. E Nicole Sullivan (a voz original de Joana d'Arc em Clone High) bem que tentou naquela bomba chamada Hot Properties, mas não tinha qualquer chance de ser indicada. Essa moça merece um bom papel de destaque no futuro.


Melhor ator - série Musical ou Comédia
- Zach Braff, Scrubs
- Steve Carell, The Office
- Larry David, Curb Your Enthusiasm
- Jason Lee, My Name Is Earl
- Charlie Sheen, Two And A Half Men


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Sou parcial, aqui: Zach Braff é dos meus atores preferidos, na atualidade. Veja Scrubs e o excelente filme Hora de Voltar (escrito, dirigido, produzido e protagonizado por ele, um inciante) e entenda o porquê. O cara tem tudo para se destacar tanto quanto um Edward Norton em futuro próximo, como unanimidade de crítica e público (que ainda assim vai preferir um insosso qualquer feito DiCaprio...).

Steve Carell também está no começo de uma ascensão profissional bastante séria. Muita gente lá fora o considera um novo Jim Carrey, pra se ter uma idéia. Não animei de ver O Virgem de 40 Anos e até hoje não entendi bem a história por trás da versão americana de The Office. Soube que um primeiro piloto foi execrado pela crítica como uma das piores adaptações de sitcoms já tentadas nos EUA (alguém mencionou Coupling?). Então, parece que houve alguma espécie de reformulação, insistiram na idéia e acertaram com Carell no papel principal, que era de Gervais na impagável série inglesa. Teria sido isso?

Jason Lee é um cara legal, muito legal, e os comerciais de My Name is Earl sugerem que ele vai fazer o que sabe fazer de melhor: o largadão meio white trash, envelhecendo sem rumo - vide o filme Mallrats. Quero ver isso.

Agora, sinceramente, nem sei o que pensar de Charlie Sheen. O cara sempre foi um péssimo ator, não tem como negar. Ele está sempre com aquele mesmo sorriso de esgueio em todas as cenas! Nunca esperaria vê-lo indicado a um prêmio por atuação. Só que Two and a Half Men é tão bem escrita e ele está tão perfeito em seu papel (nasceu pra ele, como andam dizendo) que a indicação fica totalmente compreensível. É algo bem próximo de Bill Murray e sua indicação ao Oscar por Lost in Translation: dois caras que todo mundo adora pela simpatia, mas que são atores bem vagabundos, acabaram dando muito certo em um papel específico e todo mundo consegue uma ótima desculpa para validar seu trabalho. De certa forma, todos torcemos por Charlie Sheen.


Melhor atriz coadjuvante - Série, Minissérie ou Telefilme
- Candice Bergen, Boston Legal
- Camryn Manheim, Elvis
- Sandra Oh, Grey's Anatomy
- Elizabeth Perkins, Weeds
- Joanne Woodward, Empire Falls


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Sandra Oh... Não conhecia essa moça coreana até que ela fez Sideways e chamou a atenção de todo mundo tanto quanto os protagonistas, com uma atuação nada menos que perfeita. Ao lado de Patrick Dempsey, ela tem sido mesmo o destaque de Grey's Anatomy.

De resto, fica difícil falar. Empire Falls e Elvis não existem por aqui (e eu não recebo screeners nem brinde de estúdios...), e não vejo Boston Legal por absoluta falta de tempo. Weeds, simpática, vi bem pouco. É mais fácil considerarmos os nomes: Candice Bergen, Elizabeth Perkins e Joanne Woodward dispensam apresentações, seja qual for a série.

É uma categoria que tem tudo pra ser acirrada, dado o alto nível das participantes. Não conheço direito o trabalho de Camryn Manheim, americana com cara de havaiana que já esteve como coadjuvante em uma pá de filmes, mas eu diria que qualquer uma que ganhar aqui terá merecido seu prêmio.

This picture is hosted by ImageShackThis picture is hosted by ImageShackFicaram de fora Nicollette Sheridan (Desperate) e Joely Richardson (ótima em Nip/Tuck). Andrea Anders melhorou muito na segunda temporada de Joey, em interpretação e beleza, mas seria café pequeno perto das indicadas acima e também pelo fato de Joey estar lentamente subindo no telhado por conta da fraqueza dos roteiros.

Ficamos com a sensação de que é a primeira vez em uns 30 anos que Megan Mullally (Will and Grace) e Allison Janney (The West Wing) não são indicadas! Essas duas foram presença constante em tudo quanto foi premiação de TV em tempos recentes.


Melhor ator coadjuvante - Série, Minissérie ou Telefilme
- Naveen Andrews, Lost
- Paul Newman, Empire Falls
- Jeremy Piven, Entourage
- Randy Quaid, Elvis
- Donald Sutherland, Commander In Chief


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Opa, estamos entrando num terreno com Paul Newman e Donald Sutherland. Amém.

Se, mais uma vez, fica difícil falar da atuação em Empire Falls, Entourage e Elvis, podemos dizer que Naveen Andrews realmente tem chances, não apenas pelo favoritismo de Lost quanto pelo seu belo trabalho na série. Ele é um exemplo perfeito no esquema do elenco de apoio que mencionei aí pra cima.

Jeremy Piven é um sujeito que merece ficar mais famoso faz tempo. Excelente profissional, visto como um daqueles "coadjuvantes oficiais" (algo como Paul Giamatti ou William Fichtner), o ator tem um currículo impressionante e uma bagagem considerável de boas atuações.

Randy Quaid é aquele cara debochadão, não faço idéia de como tenha feito seu papel em Elvis. Curioso notar que seu irmão, o galã Dennis Quaid, tenha vivido Jerry Lee Lewis no cinema e Randy atue agora como ninguém menos que o cara que levou Elvis Presley a ser o símbolo que é hoje.

This picture is hosted by ImageShackThis picture is hosted by ImageShackThis picture is hosted by ImageShackFora do páreo, são dignas de menção as atuações de Jon Cryer e Angus T. Jones (Two and a Half Men) e de Goran Visnjic, de ER, série sem qualquer indicação este ano. Aliás, seria coadjuvante ou protagonista? Difícil dizer naquele elenco.

***

Melhor Minissérie ou Telefilme
- Empire Falls
- Into The West
- Lackawanna Blues
- Sleeper Cell
- Viva Blackpool
- Warm Springs


Melhor atriz - Minissérie ou Telefilme
- Halle Berry, Their Eyes Were Watching God
- Kelly MacDonald, The Girl In The Café
- S. Epatha Merkerson, Lackawanna Blues
- Cynthia Nixon, Warm Springs
- Mira Sorvino, Human Trafficking


Melhor ator - Minissérie ou Telefilme
- Kenneth Branagh, Warm Springs
- Ed Harris, Empire Falls
- Jonathan Rhys-Meyers, Elvis
- Bill Nighy, The Girl In The Café
- Donald Sutherland, Human Trafficking


This picture is hosted by ImageShackThis picture is hosted by ImageShackNessas três, não tem como falar muito. É melhor eu me abster de ir longe, já que minisséries e filmes feitos para a TV ainda estão inacessíveis e costumam chegar direto para locação. Só é possível falar no geral.

A oscarizada Halle Berry continua em pleno vapor, mesmo depois de todo o ridículo que foi Catwoman. Mira Sorvino e Cynthia Nixon voltam à cena. Mas o provável destaque aqui é S. Epatha Merkerson. Veterana de Law & Order e já indicada inúmeras vezes, a atriz ganhou o Emmy de 2005 por esse mesmo papel com que concorre ao Golden Globe.

This picture is hosted by ImageShackThis picture is hosted by ImageShackThis picture is hosted by ImageShackDos caras, Ed Harris e Bill Nighy estão realmente na minha lista de atores preferidos. Só que gente do porte de Donald Sutherland (de novo, mas em outro papel; o cara é ou não é??) e Kenneth Branagh deve tornar essa categoria uma das mais apertadas de toda a premiação. Jonathan Rhys-Meyers traz o elemento-surpresa. O grande ator do ótimo filme Velvet Goldmine comparece como Elvis Presley, o próprio. No mínimo, isso deve bagunçar um pouco a cabeça dos votantes e acirrar de vez a competição.

***

Então, nos vemos no dia 16 de janeiro. Na verdade, não. Sei lá. Vamos pelo menos combinar de ver a mesma coisa na TV, beleza? Fica assim. Alea jacta est, por Tutatis!

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Créditos adicionais: diagramação, escolha e arranjos de fotos nesta página foram feitos por Roberto Figueiredo. Valeu mesmo, cara! This picture is hosted by ImageShack