Serial Frila: agosto 2006

24 agosto 2006

Fechando a estação

E então, sobrevivemos a mais "momentos de tensão, angústia ê desespero que jamais conseguiremos afastar de nossas consciências e tirar de nossas vidas nunca mais nesta existência neste mundo, oh, meu deus". É como a Warner se refere aos velhos finais de temporada. E, claro, pudemos assistir a outros finais também, no Sony, no Universal e tal. Mas nenhum é tão absurdo quanto as narrações malfeitas da Warner...

Então, vamos a uma olhada geral em quem já acabou desde o fim de junho (e foi assistido), sem esperar a chatura Grey's Anatomy resolver a vida.

Grey's Anatomy kinda inverted pic is hosted by ImageShackPor que "chatura"? Bom, depois dos gloriosos episódios-bomba, muito bons, a coisa desceu ladeira sem freios. Os médicos têm uma vida pessoal e sexual intensa e totalmente irreal, mas não sabem chongas de medicina ou de ética. A protagonista, com a personalidade de um cacto, leva tricô pra fazer no boteco. É "ridídulo", por alguma razão, uma cirurgiã namorar um veterinário. O sujeito pacato da série é humilhado, conclui que "se sentir humilhado é infantil" e arruma como namorada um monstro-da-lagoa-negra que a gente é obrigado a encarar como normal. O chefe do hospital, Webber, e o cirurgião bam-bam-bam, McDreamy, cada vez mais mostram que são dois bundas-moles. O mau humor da mimadinha revoltada Yang deixou de ter graça há tempos. Com isso tudo, você tem nas mãos um dos líderes de audiência e (mais) um atestado de decadência do mundo.

Se você assiste, fique esperto porque, pra variar, suspeita-se de que o Sony tenha anunciado errado o episódio final. Há um rumor na internet de que o capítulo - com duas horas - vá começar às 20h, em vez do horário tradicional de 21h. No site do Sony, o horário está normal (21h), e a propaganda de TV diz o mesmo. Mas vai saber...


Two and a Half Men

April Bowlby is hosted by ImageShackUma das séries mais politicamente incorretas e engraçadas da atualidade parece que não vai dar descanso na quarta temporada. O fim da terceira trouxe uma promessa de risada garantida, quando Charlie e Mia (cá entre nós, um tanto sem-graça) cancelam o casamento e Alan aproveita a situação para juntar os trapos com a vagabinha Kandi (cá entre nós, wo-hoo!).

O primeiro casamento, que não aconteceu, foi mesmo uma solução de trama apressada demais. Onde já viu um solteirão convicto propôr casamento com essa rapidez? Charlie levou um devido "não" (ainda bem pra nós) e vai passar a temporada curando a desilusão com mais bebedeira, mais mulherada estúpida, mais piadas ácidas e, provavelmente, ainda vai sentir inveja e frustração do irmão ao mesmo tempo. Afinal, Alan conseguiu se casar... mas justamente com alguém que Charlie jamais recomendaria!

O segundo casamento foi bem inesperado, mas saiu naturalmente como parte da graça. Acredito que vá trazer conseqüências "sérias", como Alan ter de se mudar (e a gente sabe que ele não vai, ou a série acabaria), Kandi se revelar mais que um sex toy (provavelmente, mais uma megera na vida do coitado Alan), Jake ficando mais velho, mais nojento, mais inconveniente e mais burro a cada minuto, enquanto Charlie se afoga em bebida e sarcasmo.

Esperamos ansiosamente novas participações de Mandi (Gail O'Grady) e Andy (Kevin Sorbo), pais de Kandi. O episódio em que aparecem eles todos e mais alguns, no meio da temporada que acabou ("Always a Bridesmaid, Never a Burro"), foi uma verdadeira obra de arte.


Joey

Uma expressão resume: dor física. Um fim deprimente para algo que vinha péssimo e piorando. Erraram mão em quase tudo!


Everybody Hates Chris

Foi só mais um bom episódio de uma série legal. Acontece muito em primeiras temporadas curtas, porque não se sabe se vai haver uma segunda e os escritores preferem não deixar pontas. Muitas vezes, nem mesmo sabem que aquele capítulo será o fim da temporada...


Supernatural

Scene from Supernatural, hosted by ImageShackExcelente virada da primeira para a segunda temporada. O caso central da série continua em aberto, mesmo tendo sido largamente explorado no fim, e o gancho do acidente permite uma quantidade enorme de desenvolvimentos possíveis.

Enquanto isso, os irmãos provavelmente podem continuar enfrentando o "monstro da semana" episódio sim, episódio não. Há espaço para uma ótima segunda temporada, se não apelarem para a superficialidade de boa parte da primeira e souberem explorar bem a mitologia já criada. Aquele papo de "vocês não fazem idéia do tamanho disso" pode render muuuuita coisa...

Ah, aguarde Linda Blair (a possuída de O Exorcista) numa ponta, durante a segunda temporada!


Arrested Development

Arrested Development is hosted by ImageShackA série acabou como sempre foi: absolutamente genial! Essa terceira (e última) temporada deveria ganhar um prêmio pelo conjunto de piadas sutis e escrachadas, inteligência de roteiro, atuações impecáveis, narração... e tudo mais que fosse possível. Se você tiver a chance de ver desde o começo, faça isso correndo! Como Arrested foi cancelada devido à baixa audiência do público americano - pelo que foi alegado, as piadas eram complexas demais para o povo estúpido -, ela não deve passar ao panteão de melhores de todos os tempos. Mas merecia estar no topo, junto a Frasier, Seinfeld e outras poucas, bem poucas.

Um resumo? Quase impossível. O ritmo alucinado da série e a quantidade de informações e piadas excelentes por capítulo só poderiam ser compilados usando o "pause" do DVD em cinco ou seis exibições de cada episódio. Basta dizer que, até o fim, cada fala, cada gesto, cada decisão de Tobias Funke (lê-se "tobáias fiún-quê") deixam claríssimo que ele é gay mesmo, mas ninguém percebe - nem ele. E, por mais que a família Bluth seja totalmente dançada, consegue ser absolvida das acusações no fim e continuar ainda mais dançada, já que Lindsay, mulher de Tobias, não é filha legítima e pôde confessar sua paixão pelo irmão bem-intencionado Michael. E "annyong" quer dizer "hello" em coreano. Impagável!


Crossing Jordan

Jill Hennessy is hosted by ImageShackUm dos grandes finais recentes de uma ótima série low-profile, mas que sempre teve excelente desenvolvimento e, aparentemente, fôlego.

Indo para a sexta temporada, Jordan foi confrontada com o ex-namorado policial, aventou a antes remota e então real possibilidade de ser mãe, viajou pra Las Vegas para resolver um caso no cassino Montecito, da série Las Vegas, e tentou fazer acontecer com um novo namorado de interesses conflituosos. Terminou a quinta temporada em fuga, acusada do assassinato desse mesmo namorado jornalista e com todas as evidências apontando para ela.

Enquanto isso, Jill Hennessy não dá sinais de que vá deixar de ser um mulherão tão cedo. Linda, feminina, voz firme, alta, boa atriz, corpão, toca numa banda e ainda encarna aquela Jordan atrevida pra diabo. Não faz isso...


ER

É, pois é, "Plantão Médico" (argh!) ainda existe... O final da 12ª temporada foi apenas mais um final de ER, sem tirar nem pôr: muito drama, muita correria, muitos conflitos pessoais e profissionais e um encerramento ao som de Open Your Eyes, do Snow Patrol. Tudo bem condizente com o que vinha rolando de antes e levado com competência pela equipe. Mas já nem merece tanto crédito...

Abby, from ER, is hosted by ImageShackCom a quantidade de tubarões pulados nos anos anteriores, repetições de enredo e pela própria substituição quase completa do elenco original, ER deixou de chamar a atenção com tanta novidade mais interessante pipocando a cada ano. A gente assiste pra passar o tempo e compôr a "quinta-feira hospitalar" junto com Grey's Anatomy - séria candidata a cair fora da nossa grade pessoal - e House.

Faz tempo que ER não "deixa marcas irremovíveis para o eterno sempre, daquelas com que vamos ter pesadelos à noite e não poderemos tirar de nossas mentes". E tome warnerismo! Segundo o que diz o canal, o que nos resta é assistir às reprises que "continuam novamente" (sic). Essa, sim, foi hilária. Parabéns ao canal, "mais uma vez de novo"!


Freddie

Freddie promo is hosted by ImageShackOlha, por mais que haja uma grita geral contra a alegada falta de graça dessa comédia, e que Freddie Prinze Jr seja mesmo um ator vagabundo, a coisa progrediu bem até ser cancelada. E a melhor parte veio de onde menos se esperaria: o carinha de Beverly Hills 90210, engraçadíssimo como o amigo burro, rico e boa vida. Pena que não vai ter continuidade, enquanto uma coisa como According to Jim dura tanto tempo e, essa sim, nem deveria ter saído do papel.


Invasion

Bem, essa pedra foi cantada desde o começo. Série cara, arrastada demais, pouco reveladora e com uma história legal... que ninguém teve saco de acompanhar. Foi cancelada no auge da história, quando tudo estava tomando posição.

Mais detalhes e um bom prêmio de consolação estão num post anterior deste site. Dê uma olhada por lá.


Close to Home

Não posso dizer que eu vi tudo - segunda é um dia disputadaço -, mas o fim trouxe um gancho bom do ponto de vista do desenvolvimento pros escritores e um quê de apelação deslavada pros espectadores.

Se o tema da série é a investigação de crimes de subúrbio, cometidos por soccer moms, garotos-Danoninho e papais executivos de respeito, como fica agora a vida de Annabeth Chase pra criar um bebê sozinha? Precisava mesmo matar o marido só porque ele era um boy velho bocozão? As investigações estavam até legais (quando eu podia ver), e agora vão ter de redirecionar as tramas para a vida pessoal dela, mudando algo crucial na essência da série.


Bones

Excelente episódio final, daqueles bem típicos de fim de temporada em série policial, com revelações chocantes, ganchos gigantescos, reviravoltas e tudo mais.

Emily Deschanel is hosted by ImageShackQuer dizer que Bones nem mesmo se chama Temperance Brennan, hein? E ainda tem um irmão, que deve aparecer mais a partir de agora; e o passado dela estava cheio de esqueletos que ela mesma desconhecia; e o pai da moça está vivo e metido em algo perigoso; e a auto-confiança da belíssima cientista ficou bem abalada com isso tudo... Só faltou o romance entre os protagonistas, atualmente tão esperado lá fora quanto o de Jack e Kate (em Lost), Pam e Jim (em The Office), Sara e Grissom (em CSI) e House e Cameron (em House). A segunda temporada da série começa agora no fim de agosto, nos EUA.

Só é pena que a Fox não nos permita assistir a Bones como gostaríamos. As legendas em tohrpungês atrapalham até quem conseguiria entender o áudio original, de tão mal-traduzidas e incompreensíveis. Se fui obrigado a deixar de ver alguns capítulos na metade por não entender nada, imagino como fica quem depende das legendas ou saiba bem menos inglês. Simplesmente desistiram depois de uma ou duas semanas! Comparado, por exemplo, ao péssimo tratamento de The Office no FX, Bones na Fox ainda conseguiu sair pior.

Agora que o problema já foi (quase todo) corrigido, o trabalho é convencer os espectadores a voltar - muito mais trabalho do que anunciar a série e contratar boa legendagem. Como sempre, a economia é a base da porcaria. E isso com uma série que nem começou tão bem assim...


Will & Grace

Debra Messing is hosted by ImageShackFoi um fechamento, de certa forma, como uma mera despedida formal mesmo. Um pouco de saudosismo, um pouco de futurologia, retornos de personagens, encaminhamento de algumas histórias paralelas e resolução de tramas principais. Mas foi tão sem graça quanto a série já vinha sendo há tempos...

Convenhamos, o que teve de engraçado no último capítulo? Umas três boas piadas e insistência nas chatices batidas que vinham sendo requentadas a cada temporada. Depois que todas as piadas possíveis com gays foram contadas, só restou repetir.

Claro que prepararam alguns detalhes especiais, ou não seria nem um fim digno. Jack e Karen cantando Unforgettable, por exemplo, veio de presente para os fãs da série. Uma dose de pastelão, outra de acasos emocionantes (separações e reencontros súbitos demais, filhos casados) e bem pouco conteúdo levaram a série ao fim no momento certo para ficar com uma boa imagem na cabeça dos que realmente gostavam. Até mais, Will & Grace & Karen & Jack.


Scrubs

Era o único jeito! Depois de um porrilhão de episódios muito fracos, com atuações mais caricatas do que nunca e um JD que praticamente gritava "Saí do armário!" em todos os episódios, Scrubs só poderia se redimir num final de temporada que mudasse tudo - inclusive a imagem do Dr. Dorian.

Scene from Scrubs is hosted by ImageShack

Então, a namorada gata recém-arrumada dele vai ter um bebê e isso deve mudar um bocado a série... Bom, taí um prognóstico difícil. Se a maré continuar tão baixa quanto nessa última temporada, a promessa é de que a próxima seja realmente péssima. Bebês são um dos indícios de desespero de escritores prestes a cometer o pulo do tubarão, e as coisas já não vinham andando exatamente "muito engraçadas" no Sacred Heart. Por outro lado, com um sopro de novidade e alguns puxões de orelha, a paternidade de JD pode até render algo, mesmo que seja com histórias cada vez menos engraçadas e cada vez mais introspectivas. Isso se os produtores começarem a cobrar atuações como as das três primeiras temporadas e textos que fujam do atual buraco de criatividade.


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Tá brincando... Junta todas as séries médicas, Desperate Housewives e Gilmore Girls e você não tem metade da choradeira e histeria que foi isso aqui. Vai tarde!


Frasier

Frasier promo is hosted by ImageShackAté que enfim, dois anos depois, o episódio final chegou ao Brasil. Um fechamento bonito e genuinamente engraçado, condizente com todas as temporadas de uma das séries mais agradáveis de todos os tempos.

A nova vida que já vinha se desenhando para Frasier Crane deu em um final que provavelmente deixou felizes os personagens, os atores e os espectadores: sentimento de realização para o público masculino e um desfecho romântico e sensível para o feminino. Ao contrário de Will & Grace, o fim teve uma história - como sempre, muito boa -, que vinha se desenhando com os capítulos da última temporada e desembocou no que deveria, com lógica, tranqüilidade e a inteligência que sempre pautou o texto da série.

Sem apelação, com soluções criativas, clima sutil, pontas soltas amarradas: um fim de série como todos deveriam ser.


Desperate Housewives

Wisteria Lane pic is hosted by ImageShackO assunto aqui é mais complicado. O capítulo final resolveu bem o que vinha rolando na temporada, sem inventar. Também preparou muito bem o terreno pra a próxima, sem erro. Mas boa parte da leva recentes, considerando muitos capítulos juntos, foi considerada um fiasco monumental não apenas pelo público americano e pelo próprio elenco (conforme declarações em muitas entrevistas), mas até para o pessoal da produção, que deu o caminho e depois não conseguiu mais fugir dele. A audiência, sim, fugiu.

Prometeram que a terceira temporada vai trazer episódios mais parecidos com os da primeira, entrelaçando mais as vidas pessoais e dando mais foco a Wisteria Lane e sua "estranha maldição". Até o pessoal das antigas reapareceu no fim, já sugerindo essa volta ao prumo.

Quanto à história, nem vinha achando assim tão ruim, só fraca. O fim recolheu pontas soltas de maneiras bem sugestivas, deixando ganchos interessantes. Muita coisa está pra ser investigada, respondida e explorada: o atropelamento de Mike (que vai ficar em coma, já avisaram);Kyle MacLachlan picture is hosted by ImageShack a vingança prometida de Edie contra Susan; o mistério quanto ao recém-chegado Orson; Bree levando Orson - e mais problema - pra dentro de casa, agora com uma filha traumatizada; os Applewhites - maior engano da temporada, sem dúvida - fora do caminho, provavelmente em definitivo; Lynette e Tom com ainda mais uma criança pra cuidar e o estorvo extra da mãe da dita-cuja; Gabrielle fugindo de Carlos e lidando com uma chinesinha que certamente vai criar inferno; a perseguição a Karl, suspeito do atropelamento; o possível retorno de Andrew Van de Kamp; e o filho-problema Zach entrando numa grana violenta e deixando o pai adotivo mofar na cadeia. Ou... não?

Não sei como foi em outras localidades e com outras operadoras, mas aqui em BH, a certa altura, a NET entrou com uma propaganda-padrão que passa a cada intervalo em todos os canais da operadora. Detalhe legal: estava no meio do bloco. Muito bacana a gente ser obrigado a assistir a um comercial institucional, do qual já está de saco cheio há meses, e perder parte do episódio final de uma série a troco de nada.


Lost

Lost logo hosted by ImageShackO que dizer? Virou moda falar que os caras não sabem pra onde estão levando a série. Sinceramente, quem vem com essa é porque não assiste... Afinal, o fim da temporada não apenas traz muitas revelações parciais e coerentes, como levanta mais dezenas de perguntas e deixa todo mundo louco pra ver o que vem depois. No entremeio, uma quantidade incrível de detalhes mais ou menos interessantes ou pertinentes constrói uma história ótima. Até onde eu conheço, tudo isso leva a um excelente enredo. Querer mais é sinal de que o que está ali agradou, é ou não é?

Vamos dar uma olhada mais extensa nesse capítulo final.

David Hume picture hosted by ImageShack- Nome completo do escocês Desmond: Desmond David Hume. Com isso, temos mais um filósofo iluminista na ilha. O também escocês David Hume foi um filósofo de enorme projeção, cujas maiores preocupações eram com as relações de causa e efeito no mundo natural. O homem praticamente sepultou a validade do raciocínio indutivo cotidiano com seu clássico exemplo: "Só porque o Sol nasceu desde o início da Terra, isso não implica necessariamente que nascerá amanhã". Estendendo o raciocínio, Hume afirma que não há certezas, pois nenhuma causa justifica todas as vezes o mesmo efeito e vice-versa. Crer em qualquer coisa é escolha pessoal, e não prova de existência objetiva. Há também o outro lado: o que você está vendo está realmente lá ou é "apenas o que você vê", do seu jeito? Já sacou as relações possíveis, né? Tudo o que a gente precisava era de alguém trazendo mais incerteza. Agora, adivinhe o nome da principal influência de Hume... Não foi à tôa que Desmond e John Locke se comunicaram tão bem, mas Locke continuou representando o "antigo" enquanto Desmond deu um passo gigantesco à frente.

- Desmond solta mais uma das prováveis frases-chave da série, na forma de um ditado: "A ignorância é uma bênção" ("Ignorance is bliss"). Não apenas isso condiz com o pensamento do filósofo Hume - o melhor seria "não ter certezas" - como também pode ter um significado especial no futuro dos ilhados. Mais do que o acidente de avião, mais do que ficar isolado numa ilha e mais do que os conflitos pessoais naquela comunidade, saber toda a verdade pode traumatizar todos os personagens em definitivo, inclusive o próprio Desmond.

Penelope Widmore is hosted by ImageShack- A paixão da vida do cara se chama Penelope 'Penny' Widmore. Penélope, personagem da Odisséia, era a mulher do herói Odisseu. Passou para a História como símbolo de fidelidade, ao esperar o marido voltar da guerra de Tróia por anos e recusar (uia!) 108 pretendentes nesse período. As "coincidências" com Lost não terminam aí. Durante sua espera, Penélope foi tentada a desistir e até a se matar, mas resiste por pura determinação, até que resolve ficar noiva de outro e descobre que esse outro era Odisseu disfarçado. Penelope Widmore menciona determinação e dinheiro como as duas maiores ferramentas pra que ela localizasse Desmond. Justo quando o achou, ela estava... noiva de outro.

- Widmore, você já sabe, é um nome forte no jogo Lost Experience. Charles Widmore é um industrial riquíssimo, dono de uma corporação parceira da Fundação Hanso. O sobrenome é usado de forma escancarada no livro Bad Twin, já mencionado tantas vezes em outras colunas e nas nossas Lostícias. Aliás, não apenas no jogo, mas também na série o nome já tinha aparecido pelo menos três vezes. As atividades da corporação incluíram uma construção num flashback de Charlie, o teste de gravidez utilizado por Sun na ilha e o balão usado pelo verdadeiro Henry Gale (que poderia estar participando da mesma corrida mundial que Desmond).

Our Mutual Friend is hosted by ImageShack- O livro Our Mutual Friend existe, claro, e foi mesmo escrito por Charles Dickens (célebre autor do surrado Conto de Natal). A trama lembra muito do que foi visto na história de Desmond com os Widmore, e o título - "nosso amigo em comum" - pode ser visto não apenas como significativo no mesmo contexto, mas até como uma alusão à série inteira. Afinal, todos se cruzam no passado e a Hanso é um "amigo" comum a todos eles. Muy amigo. Desmond guarda o livro para ser lido nos últimos momentos de sua vida, ao passo que aquele também foi o livro derradeiro de Dickens - aguarde, para a terceira temporada, A Tale of Two Cities, do mesmo autor. Título um tanto sugestivo por si só...

- Libby continua uma personagem bastante misteriosa... Ela parecia só mais uma dentre os ilhados, mas seu sobrenome ainda é desconhecido, ela apareceu em pelo menos três flashbacks (de cabeça, Eko, Hurley e Desmond) e ainda assim nada se sabe de sua própria história. Isso sem falar que os experimentos na ilha eram/são psicológicos e ela se apresentava como uma psicóloga clínica. Há uma forte suspeita em Lost Experience de que ela seja, na verdade, a executiva Liddy Wales, da Fundação Hanso (sim, Liddy e Libby).

- O amigo imaginário de Hurley se chamava Dave, apelido de David. Libby, que esteve internada no mesmo manicômio de Hurley (e aparece bastante perturbada no episódio da revelação), alega que seu marido falecido se chamava David. Seriam o mesmo? Existiu um David? O amigo era realmente imaginário? Libby e Hurley, com suas afinidades na ilha, também experimentaram uma alucinação conjunta? A Iniciativa Dharma teria incutido "Dave" na cabeça de ambos? Isso se Libby for "inocente", claro.


Scene from Lost is hosted by ImageShack

- Consta que Charles Widmore odiava Desmond e, por influência de sua empresa junto à Fundação Hanso, o teria jogado na ilha pra se ver livre em definitivo. Sabe duma coisa? Eu vejo na direção oposta: ninguém está na ilha por acaso ou por vingança. Se é tudo planejado e Widmore tem informação privilegiada, ele sabia que Desmond seria um dos ilhados porque as cobaias já nasceram "encomendadas". Na iminência de o "brotha" cumprir seu destino traçado, Widmore só não queria que sua filha sofresse com a perda, e não necessariamente teria de odiar Desmond. Especulação, claro.

- Muita paranóia que a gente vê no nosso mundo tem gente bem-intencionada por trás. Ou seja, boa parte dos assassinos, fanáticos religiosos, psicopatas, homens-bomba e ditadores sanguinários acreditam piamente que, com suas ações terríveis, estão fazendo algum bem para alguém ou pro mundo. Isso certamente tem ecos em Lost.Kelvin, from Lost, is hosted by ImageShack Veja bem: tanto Locke quanto Eko perseguem suas obsessões opostas e dizem ter "certeza absoluta" daquilo em que acreditam. Não se sabe quem tinha razão (dizer que Locke estava errado, como ele mesmo supõe, é uma conclusão apressada, e todo mundo não vai morrer em 90 minutos conforme Eko afirma), mas ambos conseguem adeptos para as suas "religiões". Kelvin Inman, o militar da escotilha, age como um louco completo ao contemplar a parede em branco, dizendo que ali existe um "desenho invisível" que um outro cara começou antes dele - e pior que o desenho existe! O transtorno obsessivo-compulsivo em graus muito sérios leva uma pessoa a acreditar que precisa executar determinada tarefa (para nós, aleatória) a fim de impedir algum outro acontecimento ruim. Inman acredita estar "salvando o mundo" ao apertar o botão: esse seria o ato de heroísmo máximo. Por fim (do parágrafo, não das evidências), o falso Henry Gale já afirmou "Nós somos os mocinhos" duas vezes. Pelo que a gente vê no jogo Lost Experience, aqueles que trabalham para a Fundação Hanso acreditam mesmo - não se sabe se com razão ou não - que estão conduzindo o homem a um mundo melhor, e com isso não se importam em justificar os meios (cruéis) pelos fins ("salvação" do homem). Naturalmente, eles se achariam os mocinhos. E o mundo e a espécie humana é que são bandidos.

- Se Inman, no fim, sabe que não há infecção alguma no ar, isso significa que antes também não havia e ele fingiu por (pelo menos) 3 anos. A intenção só podia ser a de ludibriar Desmond. Mas durante esse tempo todo, e com esse grau de complexidade? Pra quê??

- Nessa mesma perspectiva de loucura, os nomes de filósofos do período do Iluminismo (também conhecido por outros nomes que lembram a "iluminação do ser humano") não acontecem por acaso. Os ilustres pensadores que voltavam a valorizar a razão e o homem sofriam de megalomania. Acreditavam ser uma elite intelectual com coragem suficiente para liderar os homens a um mundo de progresso e tirá-los daquela situação de religiosidade, superstições, ignorância e tirania. Veja bem se esse não é o grande "objetivo estratégico" da Fundação Hanso... Possivelmente, Alvar Hanso e seus colegas acredita(va)m serem herdeiros da mesma missão de "iluminar o mundo". Não duvido de que a terceira temporada nos trará (ou revelará) Immanuel Kant ou René Descartes.

Snowman with a carrot nose is hosted by ImageShack- Pra quem não entendeu a piadinha dos homens de neve, a imagem ao lado explica. "O que o boneco de neve disse ao outro boneco de neve?", e a resposta: "Tá sentindo cheiro de cenoura?". Mas quem Kelvin Inman estava esperando quando Desmond apareceu? E quem era Radzinsky?

- "See you in another life, brother": na primeira vez que isso foi falado, Desmond e Jack acabaram se reencontrando mesmo numa vida totalmente diferente da anterior. Agora, pra onde Desmond ou Locke iriam depois do "incidente"? Vejo três possibilidades: ou os escritores vão aparecer com algo inteiramente novo (outro deus ex machina), ou um dos dois vai mudar radicalmente seu modo de ver as coisas (e isso seria "outra vida"), ou então algum dos dois não saiu vivo mesmo. De novo, é só o que eu penso.Lost big foot is hosted by ImageShack Mas eu também continuo achando que não houve acidente, ainda que todo o resto seja real...

- Li em algum canto que o pezão de quatro dedos era uma homenagem aos Simpsons! Não ria, parece que quem disse foi um dos produtores e a era a sério (de algum modo...). Mas como eu não consigo lembrar onde eu vi isso, deixo a cargo do leitor. A primeira coisa que me veio à cabeça (de todo mundo, provavelmente) foi o Colosso de Rodes. Se você junta as duas referências e considera que, pouco depois do avistamento, Charlie fala na praia de uma "colossal joke", em outra situação, será que a brincadeira procede?

- Os números apareceram pra todo lado. O barco custa 42 mil dólares, o café custou 4, Penny morava no número 23 e Desmond no 42, o avião caiu às 4h16, Desmond precisou de 8 meses de preparo, a estátua tem 4 dedos e os "brasileiros" vêm na tela um 7418880 (4x8x15x16x23x42).


Scene from Lost, numbers on computer, hosted by ImageShack

Fim?

Agora que essas séries acabaram, o jeito é esperar novidades da próxima leva assistindo às boas coisas que se mantêm no ar: House, The Office, My Name Is Earl, The L Word e Old Christine (que já tiveram a manha de repetir!). Se eu não mencionei algum outro final nesta coluna (como 24 ou That '70s Show), provavelmente é porque não assisti. Voltamos em outro momento com estréias e reestréias! This picture is hosted by ImageShack

05 agosto 2006

Breve manual de insanidade ianque, v. 2

A ridiculous Britney Spears picture, which is redundant, is hosted by ImageShackLembra do primeiro "Breve manual"? Tanta gente gostou e contribuiu com outras estranhezas americanas que pudemos elaborar mais este apanhado. Continuamos tentando ajudar você, caro leitor-espectador, a compreender melhor a insanidade ianque que você vê, ouve e lê em séries de TV, filmes e quadrinhos.

Não precisa encarar essas bizarrices como sendo necessariamente o cotidiano do povo de lá, mas... elas têm de vir de algum lugar pra serem vistas em tudo que é canto exatamente do mesmo jeito, né não?

- Americanos têm uma fixação muito esquisita por calças. Tudo deles, em algum momento, tem piada envolvendo "pants" ou "trousers". A maioria não tem graça alguma, mas eles morrem de rir assim mesmo, já que parece que o próprio conceito de dois tubos para enfiar as pernas com uma área comum para a cintura tem algo intrinsecamente hilário que só o povo de lá consegue enxergar. Colocar as calças na cabeça, então, é perigo de infarto. Quando o assunto não for risada, dão jeito de encaixar de outro jeito. A expressão "rolar de rir", inclusive, pode ser traduzida como "laugh your pants off". Sim, "rir suas calças pra fora". Ir pra cama com alguém, por exemplo, é metaforicamente "to get into someone's pants". Se alguém mentir, vão cantar para o liar que suas pants are on fire. Faz todo o sentido do mundo: se você é mentiroso, suas calças tão pegando fogo. Claro, como não!?

An American creature is hosted by ImageShack- Os garotos americanos são, normalmente, humanos pouco brilhantes. Como os daqui, então você os compreende. Mas as adolescentes americanas não têm classificação de Lineu. Na verdade, ainda não se descobriu se seriam sequer humanas, ou mesmo terrestres. A forma de falar ("she's sooo, like, totally a bitch, you know? Like, what-EVER...") situa-se totalmente abaixo de qualquer forma de comunicação humana conhecida. Há rudimentos longínquos de raciocínio, mas com clara inspiração alienígena. A forma de vestir costuma ser tão absurda que nenhuma cultura humana a abraçaria. A antropologia já concluiu que os programões dessas criaturas seriam classificados como "de índio"... se elas entendessem o que é um índio, em qualquer variação da palavra.

Marshmallow is hosted by ImageShack- Ah, as maravilhas culinárias... O pessoal gosta de fazer graça dizendo que comida típica de americano é o "paupérrimo" hambúrguer. Mas o mundo todo come hambúrguer e adora, certo? O esquisito mesmo é sentar em volta de uma fogueira com um tal de marshmallow (na verdade, uma rolha disfarçada de pedaço de isopor) num galho e deixá-lo tostando. Comer aquela iguaria com gosto de plástico queimado é o ponto alto de uma noite "em contato com a natureza". E quanto à tal de manteiga de amendoim? Na única vez em que eu comi essa desgraça, parecia margarina pura na colher. Você pode imaginar como é totoso. Dizem que a famigerada root beer (uma "refricerveja" sem álcool, preta, doce pra diabo e, dizem, com gosto de remédio) vai pelo mesmo caminho. "Torta de ruibarbo" soa legal pra você? Tudo coisa cotidiana por lá...

Demonstration of the Heimlich maneuver is hosted by ImageShack- Por falar em rango, a prática do bom engasgo deve ser ensinada nas escolas por lá. Nunca se viu um povo com tanta habilidade para engasgar em lugares públicos, a ponto de esse item conseguir vaga na porcentagem anual de mortes. Numa boa, quantas vezes você já viu alguém engasgar muito feio num restaurante brasileiro? Será porque mamãe e papai daqui ensinaram que a gente deve mastigar antes de engolir? Não é à tôa que a manobra de Heimlich (Heimlich maneuver) é tão popular nos EUA e há cartazes sobre ela até nas barraquinhas de cachorro-quente.

- Ah, as portas... Não espere encontrar, numa série ou num filme, uma porta de casa como as nossas aqui. Esse esquema furado de fechar na maçaneta e trancar com chave é coisa de gente atrasada... Lá, naquele lugar tão desenvolvido, só existem dois modos: ou a porta tranca sozinha, e é a coisa mais normal ficar trancado pra fora simplesmente porque ela bateu (só abre por dentro e você está sem a chave), ou então eles deixam aberta mesmo, porque lá não tem ladrão. Riiiight! Nos subúrbios e no interiorzão, ainda tem aquele lance - tão inexplicável quanto o resto - de as casas terem um "protetor de porta", uma espécie de tela que serve como segunda porta e abre pra fora. Nem vou procurar nome certo ou explicação para aquilo...

Alphabet soup is hosted by ImageShack- Existe uma mania de acrônimos que, aparentemente, todo mundo conhece. A gente aqui, tantas vezes, nem imagina como isso acontece ou o que eles signifiquem. Seja linguagem cotidiana (BS, ASAP, BF, FYI), jargão médico ou policial que, teoricamente, ninguém mais poderia entender (DOA, LP, GSW, DUI), jargão militar que virou popular (MIA, SNAFU) ou acrônimos de internet (IMHO, ROFL, RTFM), o pessoal de outros países fica perdido quando quer acompanhar essa insanidade em inglês. De repente, alguém solta um VZWJ numa série de televisão e, automaticamente, todo mundo em volta sabe o que significa. Menos quem assiste. Pra completar a lei do menor esforço, é corrente abreviar nomes com a primeira letra, mesmo que não seja apelido (como chamar o Jerry Seinfeld de "Mr. S").

Ana Hickman is hosted by ImageShack- Se você é loura, alta e tem olhos azuis, nunca diga aos americanos em volta que você é brasileira (mas por favor envie um email à coluna assim que possível). Por algum motivo imponderável, o seu sobrenome e o lugar de onde você vem são ainda mais importantes que a sua aparência - que, na teoria, nem deveria importar tanto assim. Julga-se o livro antes mesmo de se olhar a capa! Ainda que um americano nativo tenha a aparência óbvia de um latino, como o "típico" californiano Benjamin Bratt, essa pessoa vai ser mais bem tratada por lá do que você, se você se revelar não-americano. Por outro lado, não se engane: mesmo que você não admita ou não tenha sotaque aparente, o povo de lá, segundo consta da TV e dos filmes, tem um sexto sentido para detectar ascendências. Olham para a linha do cabelo e uma dobrinha no pescoço e soltam "você parece ter descendência visigoda com alguns traços bantus e 1/16 algonquino. Tem parentes no Brunei?".

Spiky Joey Tribbiani is hosted by ImageShack- O Roberto Figueiredo, do SoBReCarGa, me passou algumas observações muito boas quando da publicação da primeira coluna. Por exemplo, qual é dos penteados masculinos? Parece que os caras enfiam a cabeça num balde de gel e depois tomam uma surra de toalha molhada pra coisa ficar tão desorganizadamente arrumada daquele jeito. Será que, em dia e horário de gente normal, dá mesmo para encontrar alguém na rua com esses cabelos tsunâmicos? Os malditos reality shows, por menos realidade que tenham, mostram céu aberto pra isso... Até militares e agentes do FBI adotam essa beleza - veja Bones, Numbers ou Stargate: Atlantis. Exemplos nas demais séries, em especial as cômicas, não faltam: Scrubs, Friends, Life on a Stick, Joey, Freddie e quaisquer outras que tenham personagens jovens, urbanos e, em especial, solteiros.

This typical teenager is hosted by ImageShack- Outra do Roberto: a adolescência americana, muitas vezes, pode ser bem incompreensível para um brasileiro. Qualquer aborrecente estúpido de 16 anos tem carteira de motorista definitiva. Com carros e independência pra todos, acho que não precisa detalhar muito o quadro final. Além disso, tudo quanto é estudante, independente de nível sócio-econômico, tem de passar pela (falsa) "prova de caráter" que é trabalhar em alguma lanchonete gordurosa (ou como baby-sitter) durante as férias para conseguir alguns trocados. Assim, ele pode gastar tudo numa outra lanchonete gordurosa com os amigos ou num presente impensado pra uma vagabinha qualquer. Então, ele sai do colégio com um "prom ball", o famoso baile de formatura. Trata-se da festinha da hipocrisia: são coroados o mané e a manoa que vão se dar bem a vida inteira; todas as garotas vão perder a virgindade (os pais fingem que não sabem e dão conselhos e tal); os nerds terão uma humilhação final ou sua vingança máxima contra os bullies (os valentões da escola); alguém vai incrementar o ponche "virgem" com alguns litros de bebida ilegal (que qualquer um compra quando quer).

Beer tunnel is hosted by ImageShack- Adolescência, parte II: saindo da escola, o jumento proverbial ganha automaticamente uma bolsa de estudos numa universidade. Não foi por mérito acadêmico ou por inteligência: o boçal em questão se destacou em futebol americano! Indo morar na universidade, o sujeito, que não entende nada de coisa nenhuma, só encontra dormitórios e fraternidades repletos de sacanagem e cervejada do começo ao fim. Bem vindo a uma cidade de adolescentes, dos ingênuos recém-chegados (freshman year) aos que já se acostumaram e querem vingança pelo ano anterior (sophomore year), chegando aos pós-adolescentes já experientes, cheios de técnicas avançadas de babaquice (junior year e seguintes). É, a vida acadêmica por lá também é bem diferente... E nem pense em voltar pra casa depois! Conforme dito em verbete do manual anterior, morar na casa dos pais depois dos 20 é sinal de fracasso irrevogável pra todo o sempre.

Brasileiros nunca vão entender mesmo é aquele papo do "kiss my ass". Se a Jennifer Connelly emputece comigo por alguma razão e me manda "kiss her ass", eu não vou ter alternativa. "Yes, please, ma'am! Neste minuto e aqui na rua mesmo tá ótimo." This picture is hosted by ImageShack