Serial Frila: maio 2006

30 maio 2006

Experimente Lost você também

(publicado originalmente em 30 de maio de 2006)
(revisado e republicado aqui em 16 de setembro de 2006)


"Desde a aurora de nossa espécie,
o homem foi abençoado com a curiosidade.
"
- Alvar Hanso

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This pic is hosted by ImageShackMuito se falou por aí a respeito do jogo online Lost Experience, mas pouco se explicou. Afinal, o que esse jogo teria a ver com o sucesso televisivo Lost? Que espécie de jogo é esse? É de tabuleiro, é eletrônico, fica em um site? Seria para PC ou Playstation? Pra quem ainda não conseguiu entender a natureza do jogo e como ele se desenrola, vamos tentar explicar.

Primeiro de tudo: não é um desses games que você tem de jogar com um controle especial de 23 botões nas mãos. Não tem de instalar nada nem salvar a parte jogada ou enfrentar os tais "chefes de fase". Lost Experience é uma brincadeira coletiva de investigação de pistas lançadas na internet e que têm relação direta com elementos mostrados na série de TV.

Esse tipo de jogo é chamado ARG, sigla para alternate reality game, "jogo de realidade alternativa". Ou seja, é uma realidade como se fosse a nossa, mas não é a nossa. Esse mundo paralelo-simultâneo tem seus próprios elementos e é tratado como real - aliás, é condição essencial do encadeamento das peças que ele que seja tratado como uma verdade atual e presente, e não como um jogo. Daí o nome que pode ser traduzido como "experimentando um pouco de Lost na própria pele". A forma de a coisa se desenrolar, como podemos intuir da definição, é bem sutil, emaranhada nos aspectos comuns que podemos encontrar no nosso mundo. Por exemplo, não existe um site do jogo, já que ele "não é um jogo".

This pic is hosted by ImageShackOficialmente, Lost Experience começou no último dia 3 de maio, mas sua semente já estava plantada na rede algum tempo antes disso, na forma do site da fictícia Hanso Foundation. Essa entidade, você como bom fã deve lembrar, seria a mantenedora do Dharma Initiative, responsável pelos vídeos encontrados em alguns dos episódios na TV. O site vinha como uma espécie de adendo à série, uma extensão divertida daquele universo dos náufragos. Trazia biografias de ilustres desconhecidos, atividades diversas da fundação ao redor do mundo, referências científicas meio disparatadas, notícias estranhas e um bocado de discretas incongruências administrativas e operacionais da fundação. Tudo muito misterioso (como sempre), mas nada necessariamente essencial, pelo menos em aparência. Até que...

No fim de abril, os produtores anunciaram que haveria um jogo online e que os fãs deveriam seguir pistas, mas não deram muitos detalhes. Então, no 3 de maio, em um dos intervalos da série, a ABC veiculou um comercial fictício da fundação. Nele, tínhamos o número de telefone de um executivo. Milhares de pessoas ligaram para o tal número e conseguiram captar a primeira pista: a palavra "breakingstrain", uma senha a ser usada não se sabia onde. Só que o site também fora sutilmente atualizado, e a senha cabia direitinho num campo obscuro que fez parte de uma nova seção.

O que se seguiu desde então foi uma amarração incrível dos sites fantasiosos (Hanso Foundation, Oceanic Airlines, sublymonal) com palavras cifradas ("inmate asylum", "standby", "missing organs", "heir apparent"), dicas ocultas em HTML de páginas, podcasts de um DJ que não existe, intrusão em sites "reais", como o YouTube (uma das vídeo-pistas só apareceu por lá) ou o Horde (serviço de webmail) e até envolveu outras empresas fictícias e empresas reais que entraram na bricadeira - mediante muita grana de publicidade, claro. Hoje, as informações do jogo, úteis ou não, já se contam às centenas, e a cada dia são encontradas novas evidências para se descobrir como a fundação veio a existir, que projetos ela fomenta e, principalmente, tudo o que há de errado com suas atividades atuais - o que poderia dizer respeito aos náufragos da nossa velha conhecida ilha no sul do Pacífico.

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Mas não se trata somente de um jogo de gato e rato. Temos, acima de tudo, uma jogada acertadíssima de marketing para manter o interesse do público nesses meses em que os passageiros perdidos estão de férias. Ou você acha que a estréia do jogo justamente no último mês de exibição da série nos EUA foi por acaso? A cada pulo - a cada pista seguida, página aberta, senha descoberta e texto que vaza - revelam-se novas atividades, novos personagens, novos fatos mal-explicados, e tudo indica que a Hanso Foundation e seu fundador, Alvar Hanso, estão bem distantes de ser aquilo que nós e o mundo "losternativo" acreditamos que sejam. Tudo isso vai se acumulando pra que a gente chegue à próxima temporada com um belo monte de informações adicionais, mesmo com a série fora do ar! Coisa de gênio.

Falando nos ilhados, é claro que você não vai encontrar menções claras a nenhum nome ou histórico. Nada de Jack, Michael, Kate, Locke, Charlie, Sun ou Sawyer, pelo menos nesses estágios iniciais. Os personagens do jogo, além dos próprios jogadores e suas muitas horas de folga, são os diretores da Hanso, um orangotango, uma hacker misteriosa e figuras que aparecem de relance em fotos e em meras menções em textos semi-incompreensíveis. Está aí um grande problema: as pistas já exploradas sempre acabam levando a mistérios ainda mais complicados, sem dar respostas que encaixem umas com as outras.

Dentre as caras novas desse universo (sem caras, na maioria), fomos apresentados à hacker Persephone, aparentemente uma ex-funcionária da Hanso que hoje quer dedurar todas as maracutaias e acabar com a falsa reputação que a fundação construiu.

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This pic is hosted by ImageShackNo conselho de diretores, nomes como Hugh McIntyre, Peter Thompson e Thomas Mittelwerk aparecem como responsáveis por dirigir a entidade, e Persephone vem tentando desacreditá-los e revelar ao "público" (do mundo fictício e a nós mesmos) que aqueles executivos sérios na verdade encobrem muita sujeira que rola nas atividades científicas da fundação. Seria por vingança? Humanitarismo? Fato é que Persephone se mostra bastante revoltada com a fundação, escondeu observações suas em locais estratégicos do site e, às vezes, até "conversa" com o investigador fã (nada em tempo real, tudo em Flash). Em um de seus hackings, manda recados por uma tela semelhante àquela em que Michael e Walt conversam sabe-se lá como. Em outra mensagem escondida, podemos ouvi-la perguntando, de forma bem agressiva, em meio à música misteriosa e às imagens mescladas: "O que se passa aqui? Quem está no comando??".

This pic is hosted by ImageShack Outro personagem novo é o DJ Dan, disposto a "combater a autoridade", segundo suas próprias palavras, e um adepto de teorias conspiratórias. Na única foto do DJ, a pessoa que o interpreta é um dos escritores de Lost, Javier Grillo-Marxuach, que foi reconhecido pelos fãs. O homem vai deixando podcasts em seu site, conversa com ouvintes no telefone, viaja um bocado em teorias (compartilhadas por eles) e, nesse meio, dá umas tiradas que nos levam a desconfiar de que ele sabe mais do que aparenta.

This pic is hosted by ImageShack Também foram introduzidos na história o autor fictício Gary Troup e seu livro Bad Twin, que foi lançado de verdade nos Estados Unidos e está vendendo um absurdo por lá - suspeita-se de que o autor seja Stephen King, fã confesso da série. O livro fala de um detetive particular que é contactado por um sujeito misterioso. O sujeito procura seu gêmeo idêntico (em muitos aspectos) e vem de uma família bastante rica, cujo sobrenome é Widmore (lembre-se disso!). As obras Gilgamesh e Beowulf são mencionadas na narrativa, além do mito da caverna de Platão e de um livro não-identificado de Herman Melville, autor de Moby Dick. Entre conexões com outros personagens e um monte de andanças, o detetive passa justamente pela Hanso e descreve sua percepção do lugar, com muito desdém. Existem ainda menções bem suspeitas a um urso polar, que teria sido caçado pelo seu contratante, e ao sobrenome coreano Paik, que estaria ligado a uma grande corporação. Uma questão ainda mais capciosa: por que Gary Troup é um anagrama de "purgatory", se os produtores já desmentiram boatos de que ninguém ali está morto (bom, fora os óbvios) ou no inferno, purgatório ou outra dimensão?

This pic is hosted by ImageShack Ficamos conhecendo ainda o orangotango Joop, que seria produto de uma bem-sucedida experiência genética envolvendo longevidade. Segundo a Hanso, Joop tem hoje 105 anos, quando a expectativa de vida normal seria de uns 40 a 50 anos. Nas fotos, o símio aparece todo simpático, mas uma das brechas do site (cortesia de Persephone) mostra o bicho berrando em um vídeo, como se estivesse atacando alguém. Além disso, em pelo menos uma das imagens obscuras já encontradas, um orangotango bem diferente de Joop foi identificado. Será que ele é real mesmo? Haveria fraude de resultados na pesquisa? Ainda veremos um orangotango em Lost, depois do urso, do cachorro, do porco-do-mato, do tubarão e do cavalo? O baguá do i-ching, símbolo do Dharma, teria algo a ver com horóscopo chinês? Calma, tô de sacanagem... eu acho.

Na verdade, não dá pra descartar nada. A toda hora aparece um nome novo e uma nova fonte de especulações. O pessoal que se dedica a correlacionar as pistas e resolver as pequenas partes desse imenso quebra-cabeça anda fazendo coisas inimagináveis. Há casos, por exemplo, em que as mensagens foram deixadas em sequências numéricas que corresponderiam a letras embaralhadas. Tudo bem até aí. Mas depois, descobrem que as letras também estão em código e precisam fazer uma rotação do alfabeto baseada no número 8 (tcha-ran!) para que as novas letras apareçam. This pic is hosted by ImageShackE aí é descobrir o anagrama e saber o que significa aquela expressãozinha nova. Em outra peripécia, os fãs tiveram de explorar uma longa lista de diretórios (como se fosse o seu Windows Explorer) atrás dos conteúdos, que nunca eram simplesmente entregues de bandeja, claro. E aí entra até conversão de imagens em texto e vice-versa. A sobreposição de imagens, aliás, é constante, e os feras do Photoshop andam tendo trabalho para decompor as imagens em duas distintas. Atualmente, se você descobrir o que está oculto com relação a esse vulto aí ao lado, pode dar uma boa ajuda pro pessoal que está arrancando os cabelos. Já tentaram o espelhamento das metades, ficou legal, mas não disse muito...

De tudo o que foi apresentado, o que dá pra "concluir" até agora é que não há conclusão alguma. O pessoal acredita que Gary Troup, que morreu no acidente de avião, também tenha sido um funcionário insatisfeito e que tenha escrito Bad Twin como uma alegoria para... bom, não se sabe bem para quê, mas envolveria a morte de Hanso e falcatruas que o autor teria presenciado, apresentadas no livro por metáforas. Especula-se, por exemplo, que Alvar Hanso esteja morto há tempos e teria sido substituído por um gêmeo malvado (ou bondoso, no lugar de um Alvar malvado), ou mesmo que esse pretenso benfeitor da humanidade nunca tenha sequer existido.

Sabe-se que a fundação financiou experiências científicas de naturezas bem diferentes, como as alterações genéticas de Joop, pesquisas com doenças devastadoras na África (não na Nigéria de Mr. Eko, mas na Zâmbia), estudos revolucionários com campos eletromagnéticos, uma certa "equação Valenzetti" (que gerou um site falso, feito por um fã) e algo relacionado a transplantes e roubo de órgãos. Há ainda traços de envolvimento com sociedades secretas (foram encontradas referências a um "olho que tudo vê", além das acusações do DJ Dan) e de This pic is hosted by ImageShackexperiências sócio-comportamentais de natureza ainda desconhecida - se alguém se lembra do oriental falando das teorias de Skinner no vídeo do Dharma, é aqui que isso entraria. Suspeito de que essa parte específica venha a ser bastante séria para o futuro da trama. E o que diabos fazem as menções a um mapinguari (uma preguiça gigante pré-histórica que existiu no Brasil) em meio aos textos secretos da Hanso??

Dá pra perceber que estamos numa espécie de história paralela à do Lost que vemos na TV. As correlações ainda não ficaram claras (na verdade, o recente final de temporada revela um pouco mais a respeito delas), mas é certo que Kate, Locke, Hugo, Charlie e todo o resto estão na ilha por causa de atividades, voluntárias ou não, da maquiavélica Fundação Hanso. Isso não é spoiler algum, nem teoria; não temos a mínima idéia de que maquinações os tenham levado àquela situação, mas as duas histórias certamente não estão interligadas à tôa. Inclusive, pense bem... O Dharma é apenas um projeto dentre outros da Hanso. Se tudo o que vimos em Lost até agora só fala desse projeto específico, o que mais podemos esperar?

Que venham mais pistas, que venha a terceira temporada (rápido!) e que venha... hm, não sei se eu quero que venha mais nada não... This picture is hosted by ImageShack

***

- Nossos sinceros agradecimentos ao havaiano lostmaníaco Edward Morita, ou NctrnlBst, pelas imagens cedidas para este texto.
- Big thanks to Hawaiian lostmaniac Edward Morita, aka NctrnlBst, who kindly provided the pics you see in this article.

02 maio 2006

Pedaços de grade

(publicado originalmente em 2 de maio de 2006)
(revisado e republicado aqui em 24 de novembro de 2006)


A coluna da semana vai em forma de blog. Eu poderia falar que há todo um lance experimental, da ordem das revoluções de costumes relacionadas às novas tecnologias e que o ciberespaço permite a construção de... yada-yada-yada... Mas na verdade é porque o trabalho aperta e só dá pra elaborar tópicos mesmo. Montar como blog foi uma "solução criativa" (mentira, foi falta de tempo também).



Aumenta a zona no escritório

This picture is hosted by ImageShackPerdeu The Office na semana passada? Tentou ver a reprise na quinta? Pois é, não teve. O FX meteu os pés pelas mãos e acabou pondo no ar um capítulo inédito também na quinta - o mesmo inédito que deveria passar só no último domingo, e efetivamente passou.

Conclusão: você perdeu mesmo o da outra semana (mas calma, vai haver dois milhões de reprises, que a gente sabe...), viu um inédito antes da hora, viu o mesmo "inédito" de novo no domingo e, se ligar na quinta agora... lá estará o mesmo episódio outra vez.

Postado por: Rodrigo | 9:17 | 2maio2006 | Permalink


Momento "fumei um e vi Lost" da semana

No episódio de Lost desta semana, notei algo que me pareceu uma contra-referência aos números "mágicos" - eles não aparecem claramente, mas seqüências do episódio podem nos levar a eles.

This picture is hosted by ImageShackMr. Eko contou a história bíblica da descoberta de um certo "livro da lei" durante o reinado de Josias em Judá. O trecho do Velho Testamento que contém essa história se chama Segundo Livro de Reis. É o 12º livro da Bíblia completa. Algum doido poderia sustentar a referência de que 12=4+8, mas eu acho que esse tipo de raciocínio força a barra...

Mas a parte sobre Josias, o rei mencionado na história de Eko, está mesmo nos capítulos 22 e 23. O versículo 8 de 22 (ou seja, 22:8) diz: "Achei o livro da lei na casa do Senhor". O 22:16 diz: "Eis que trarei males sobre este lugar e sobre os seus habitantes, conforme todas as palavras do livro que o rei de Judá leu".

O número 23 é um dos nossos velhos conhecidos. O capítulo parece não ter menção especial relacionada aos outros números. Por outro lado, o conteúdo como um todo pode ser uma bomba! Em Lost, uma coisa bastante importante estava dentro do livro de Eko: a "lei" de não usar o computador para outros fins, sob pena. Pois o capítulo 23 de Reis 2 narra justamente a reforma do templo em Judá segundo as leis encontradas no "livro da lei do Senhor".

This picture is hosted by ImageShackAgora, você junta tudo: Michael, sem querer, quebra a "lei" ao fazer contato com um Walt fantasma por meio do computador. Teremos agora os males conforme descritos no vídeo ou teremos uma "reforma do templo"? Ou dá tudo na mesma? E o Dharma, então, impôs essa lei e deve ser considerado "O Senhor" na ilha?

Enquanto meu contato no hospício não chega com as respostas, vou postar uma imagem que montei há um tempo, só por curiosidade. É o momento em que Hurley cruza o aeroporto num veículo para deficientes físicos, na primeira temporada:

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E quando Kate saiu do escritório de seu pai, alguém notou uma placa na porta de vidro, dizendo "BUILD YOUR FUTURE", bem típica de serviço militar? Além disso, bem, ele é militar. E não é exatamente pai dela. Pode ser chifre em cabeça de cavalo, mas também pode ser uma pista incompreendida. Quando a gente não sabe nada, tudo pode ser pista...

Postado por: Rodrigo | 23:42 | 2maio2006 | Permalink


"I see dead people", vol. 35

This picture is hosted by ImageShackSe você é fã das atuais dezenas de séries sobrenaturais da TV, fique esperto para uma outra Allison que não a DuBois (de Medium). A personagem é Alison Mundy e a série se chama Afterlife (no Brasil, Outras Vidas - pra variar, um nome nacional babaca que foge do sentido original).

Não se trata de um aviso do tipo "fique de olho no próximo hype da TV", nada disso. É só uma dica mesmo. Mas, justamente devido ao sucesso na Inglaterra e na Austrália, a série britânica já está com uma segunda temporada em desenvolvimento. Talvez dê pra você pegar reprises dos seis capítulos iniciais no canal People&Arts, todo sábado às 19h.

Resumão do conteúdo: médium incompreendida e atormentada busca vida nova e é acompanhada por um cientista cético que acaba se interessando quando o assunto fica pessoal para ele. O resto você procura no Google. Atente para o fato de que o nome dela aparece escrito de tudo quanto é jeito: "Monday", "Munday", "Mundi", "Munde", tudo errado. No IMDB, no release oficial da ITV sobre a série, na Wikipedia e em outros lugares confiáveis, o nome é Mundy. O resto é povo que não se preocupa em fazer uma pesquisa, passa informação errada e vai atrapalhar sua busca. Ignore, e boa série!

Postado por: Rodrigo | 0:35 | 2maio2006
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A comédia que é o drama de hospital

This picture is hosted by ImageShack(Esta entrada foi bastante modificada com relação ao texto original. A errata já havia sido publicada na coluna seguinte e foi agora incorporada ao texto original, abaixo.)

Related deu mesmo o pulo na semana passada. Sem dúvida, vimos o pior capítulo da série até agora, forçado, apelativo, choradeira, inconsistências... Foi o episódio passado no hospital, porque a irmã mais velha perdeu o bebê.

Enquanto isso, em outro hospital, Grey's Anatomy continua sua lenta escalada rumo a sabe-se lá onde. O capítulo mais recente foi aquele divulgado pelo Sony como tendo "Patricia Arquette como convidada especial". E tome warnerismo no Sony: era Rosanna Arquette, irmã da Patricia (de Medium), com quase nenhuma semelhança física. Alguém tem a obrigação de saber a diferença? Um canal de televisão tem! No meio da semana, alguém finalmente percebeu a besteira. Refizeram a locução da propaganda simplesmente excluindo a parte da participação e deixando sem narração alguma por cima.

This picture is hosted by ImageShackMas legal mesmo foi ver a alfinetada de Scrubs na novata em ascensão: "parece até que eles acompanham a vida da gente e fizeram um programa de TV!" Um amigo tinha me chamado a atenção pra isso há um tempos, logo que GA começou - e é verdade. Se você tomar grandes temas centrais, como solidão, amizade, rejeição, fé, família, etc., e adaptar para um drama vazio, vai ter Grey's Anatomy; se fizer uma comédia com toques dramáticos, terá Scrubs - que veio bem antes e sabe correlacionar temas e personagens de formas muito mais criativas.

Considerando que a série do Dr. McDreamy vem perdendo audiência direto lá fora, e o principal motivo alegado por fãs e crítica é justamente fraqueza de roteiro, eu não sei se esperaria boas notícias. Começou bem, engrenou estranho e vem piorando progressivamente. Pena. Quem sabe as críticas dão um empurrão?

Postado por: Rodrigo | 0:33 | 2maio2006 | Permalink


Joey "Tribaney" ataca outra vez!

This picture is hosted by ImageShackVocê viu a propaganda nova de Joey, certo? Não bastou errarem uma vez, há algum tempo. Agora, mesmo depois de a legenda (milagre!) e Carmen Electra dizerem certo, o locutor tasca um novo "Joey Tribaney" no nosso ouvido! O canal Warner comprova mais uma vez que ninguém de lá assiste às suas próprias séries!

Aliás, esse povo não dá um sossego mesmo. Você conhece o filme "Onze Semanas e um Segredo"?? Ninguém conhece, só o locutor do canal... Segundo ele, foi o que passou no último sábado, aquele com Brad Pitt e George Clooney.

Mais tosco ainda é você entrar no site em português do Warner - todo fresco, feito em um flash desnecessário - e boa parte estar em espanhol ou com erros crassos, como "mensajem". Tenta enviar feedback, dá erro em todas as vezes.

This picture is hosted by ImageShackNão dá pra levar a sério mesmo, é um canal que não existe. Alguém pega umas fitas e põe pra rodar na máquina, e só. Grande respeito pelo espectador... "Opiniões, há muitas, mas no final", o Warner está sempre errado mesmo! Inclusive porque a (péssima) série da Amanda Bynes já foi pro saco...

Postado por: Rodrigo
0:00 | 2maio2006 | Permalink



What the hell is wrong with these people??

Já virou fato corriqueiro o pessoal reclamar que alguma telessérie é "chocante demais", "inapropriada" ou, sob qualquer outro argumento, que aquilo não deveria estar na TV. Em muitos casos é puro exagero e puritanismo; em outros, claro, não há como discordar.

This picture is hosted by ImageShackMas a coisa mais chocante na TV atualmente não é uma série. Está no programa de Oprah Winfrey (no Brasil, pelo GNT) e se chama Debt Diet. Trata-se de um quadro especial do programa, no qual famílias ultra-endividadas são aconselhadas por "especialistas em economia" (seja lá que diabos...) para conseguirem sair do buraco.

Ok, você nunca viu isso na TV e está imaginando aquele pessoal com sete filhos morando num barracão de dois cômodos, vivendo com um salário mínimo e juntando latinha de alumínio pra completar a renda. Não estamos nem perto disso.

Pense na sua família (e vamos supor um bocado de agora em diante!), com uma renda modesta, porém satisfatória. Dá pra pagar um acesso modesto à internet e uma TV a cabo, dá pra comprar comida numa boa e fazer uma bobagenzinha uma vez por mês.This picture is hosted by ImageShack Ninguém se mata pelo plano de saúde e a coisa só fica feia mesmo quando tem de levar o carro pro mecânico ou quebrar uma parede infiltrada. Talvez você conheça essa vida.

Pois as tais famílias que vão ao Oprah Winfrey Show para repensar seus gastos estão bem acima desse nível de vida. Mas muito acima mesmo!

O que é realmente chocante é ver uma família se dizendo "prestes a declarar falência", enquanto mantém carros para papai, mamãe e mais dois filhos adolescentes. Fusquinha? Nunca! Todos são carrões beberrões americanos que, de fato, custam bem menos que aqui. Mas vou deixar pra você imaginar em quanto fica a manutenção disso.

Desesperador mesmo é ver uma família inteira chorando na TV por falta de dinheiro, enquanto mantém 12 cartões de crédito atrasados e "não sabe o que fazer com eles". O marido ganha bem, a esposa trabalha em meio período e até algum dos filhos tem seu primeiro emprego pra dar uma força (a si mesmo), quando tem.

Ridículo demais é uma família ficar no vermelho em mais de US$ 2.000,00 todo mês porque todos se recusam a lavar roupa. Ao invés disso, jogam fora as peças semi-usadas para comprar mais. Só se dão conta do papelão quando aparece a reportagem, o analista econômico mostra o valor economizado e os nossos "pobres" homens-das-cavernas-urbanas-high-tech se desmancham em frente à câmera.This picture is hosted by ImageShack Enquanto isso, os filhos adolescentes xingam tudo e todos, porque foram criados na base da gastança e não sabem o que é ouvir um "não".

Patético de verdade é a mamãe sair pro supermercado com um inédito "limite de orçamento" (bem além do necessário, vale dizer), conseguir a façanha de comprar tudo certo só prestando atenção, olhar para a câmera com a cara mais imbecil do mundo e exclamar "Oh, my God, I did it! I never thought it would be possible! Not bad for my first time!".

Olha, num dos programas foi discutido o fato de a família manter uma fachada de conforto frente a outras pessoas. Convenhamos, manter uma fachada de qualquer natureza é coisa que todos nós neste mundo fazemos, em algum momento. Estar quebrado e tentar manter uma aparente dignidade sem ficar gastando os tubos chega a ser louvável, em certo sentido. E é bem possível: uma vez que as pessoas acreditam, elas tendem a continuar acreditando e você não teria de fazer muito para dar o tempo de se reerguer. Mas gastar o que não se tem para manter aparências pros amigos, e só?? O nome disso é burrice, pura e simples.

Eu não gostaria de generalizar, sinto mesmo que não estaria sendo justo. Então, prefiro lançar a extensa pergunta para quem quiser responder para si ou no email aí ao lado: tendo em vista que todas (literalmente todas) as pessoas retratadas no tal quadro são gente de vida comuníssima, com aparência normal e saudável e que, com certeza, aprenderam a somar e subtrair em alguma escola pública de qualidade razoável (não entremos no mérito da matemática financeira) e são dotadas do mesmo cérebro humano de quem escreveu este texto e de quem está lendo... será que todos os americanos são assim??

This picture is hosted by ImageShackAfinal, aqui na nossa terra, a maioria das pessoas daquele mesmo nível aprende desde cedo a olhar preços no supermercado; aprende a gastar o que tem e só extrapolar um pouco quando tiver possibilidade de pagar dali a pouco; aprende que bancos ganham uma grana absurda em cima de seus clientes; que cartões de crédito, contas de água, luz, telefone, celular, condomínio, internet, plano de saúde e quaisquer outras geram multa ao passar do vencimento.

Se qualquer recém-nascido sabe disso e se aquele povo todo não tem como ser muito doente ao mesmo tempo, então o que passa na cabeça deles pra gastar daquela maneira sem terem a mínima noção do que estão fazendo? Pode ser, sei lá, um caso de transtorno obsessivo-compulsivo coletivo de que eu ainda não tinha ouvido falar.

(Nota da republicação: na época, foram recebidos pelo menos três feedbacks a respeito dessa questão. Os três vieram em ótimo português e com muito bom embasamento. Foram unânimes em dizer que não apenas os americanos gastam assim regularmente, mas que esse é praticamente o único comportamento conhecido e adotado em massa no país).

Postado por: Rodrigo | 3:1416 | 2maio2006 | Permalink


Detalhes de um lado, resumo do outro

Hah!

This picture is hosted by ImageShackEntão, você esperava mesmo que um episódio de Desperate Housewives tratando só de recapitulação, mas chamado All The Juicy Details ("todos os detalhes suculentos"), fosse trazer alguma revelação, ou pior, algum detalhe de verdade, né?

Relembre comigo as suas aulas de redação: quando faz um resumo de alguma coisa, você preserva o quê? Os pontos principais. E exclui o quê? Os detalhes! O nome do episódio já era uma enganação por si só! Não se deixe levar na próxima.

Pelo que eu lembro, o Sony divulgou o episódio apenas como recapitulação mesmo, sem o sensacionalismo pretendido no título e sem relação com os dois ridículos especiais da temporada passada (um estrangeiro bem ruim e um nacional mais porco que TV aberta). Seria ponto pro canal. Na melhor das hipóteses, fica tudo empatado por conta da besteira na propaganda de Grey's Anatomy.

Postado por: Rodrigo | 90:210 | 2maio2006 | Permalink


Cable guys

Se a TV paga já representa não sei quantos por cento da audiência televisiva, como diz a propaganda insistente, suspeito de que já passou da hora de alguém cobrar no mínimo alguma organização profissional nesse setor, não é?

Se "a união faz a força" e as minorias nunca têm razão, talvez agora os consumidores de programação a cabo mereçam algum respeito, finalmente. Talvez agora, mas nunca antes; afinal, continuamos sendo minoria. Infelizmente para a maioria, que amarga a ridícula programação aberta sem opção...

Enquanto isso, os comerciais mal feitos da NET continuam testando a paciência do público em todos os canais a cabo e em todos os blocos comerciais de todos os programas. Sai um antigo, entra um novo para mais 6 meses e cinco mil exibições por canal.

Postado por: Rodrigo | 5:60 | 2maio2006 | Permalink


Uma estátua de ébano em Wisteria Lane

This picture is hosted by ImageShackNão sei a opinião geral, mas eu criei asco daquela moradora nova de Desperate Housewives, a do filho assassino. Não da personagem, mas da atriz mesmo.

Alfre Woodard até agora não alterou sua expressão facial em qualquer minuto. A cara é sempre a de quem está, ao mesmo tempo, louca pra ir no banheiro e a fim de te estrangular de raiva: preocupação, olhos arregalados, dentes trincados e nenhum músculo se move.

Antes de ela entrar na série, Oprah Winfrey exibiu em seu programa uma sátira de "nova moradora negra chegando a Wisteria Lane", como tinha sido anunciado pelos produtores, mas com a própria Oprah no papel. Apesar de francamente humorística, a brincadeira ficou dezenas de vezes melhor que a real participação de Woodard, bastante esquecível até agora. This picture is hosted by ImageShack

Postado por: Rodrigo | hst:lvst | 2maio2006 | Permalink