Serial Frila: Perdidos, estamos todos...

21 março 2006

Perdidos, estamos todos...

(publicado originalmente em 21 de março de 2006)
(revisado e republicado aqui em 6 de setembro de 2006)


Pessoal tem perguntado e até cobrado o fato de eu não falar muito de Lost aqui neste espaço, com raras exceções. É verdade que eu não mencionei tanto quanto deveria, têm razão. Mas também existem motivos pra isso.

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Por conta de um monte de compromissos na última metade de 2005, acabei não assistindo a toda a primeira temporada, mas fiquei muito bem-impressionado pelo que consegui acompanhar. Perdi muito, decidi não ver o final para não estragar a surpresa. Logo que anunciaram a estréia da segunda temporada no Brasil (lá fora, já estão no episódio 16), dei meu jeito e fiz uma maratona pessoal. Não apenas assisti a tudo quanto seria possível como acabei vendo muitos episódios duas vezes ou mais. E nada de Globo, graças a Deus! Além dos 25 capítulos (considerando 1h para cada), ainda deu tempo de baixar da internet uns especiais, ler teorias, acompanhar discussões e toda a loucura gerada pela série. E, bem, veja a data da primeira Serial Frila (13 de dezembro de 2005)...

Depois dessa enxurrada, o resultado foi o seguinte: eu não perdia sequer um capítulo de 24, Desperate Housewives e Grey's Anatomy, os dramas televisivos americanos mais bem-cotados atualmente. Sinceramente, adoro os dois primeiros, gosto do terceiro e ainda sobra um entusiasmo ocasional para CSI, sem falar na audiência pros vários outros. Mesmo com tudo isso, Lost virou muito rápido meu seriado atual favorito, sem dúvida.

Só que não é apenas o "meu" favorito, mas o de meio mundo também. Com a internet, esse "meio mundo" tem voz e, nas entrelinhas do ruído descerebrado que deve compôr uns 90% da rede, você provavelmente já leu de tudo. Aí entra o segundo problema: não há muito o que dizer que já não tenha sido dito milhares de vezes.

Sendo assim, vamos tentar dar um tapinha na série como for possível. Não se pode falar muito porque, acredite, há quem não tenha visto e ainda queira. Não podemos estragar os segredos pra esse pessoal. Não que a gente saiba de muitos segredos... Perdidos, estamos todos...

Lost plane is hosted by ImageShackO essencial em um grande parágrafo: Lost começa com um acidente de avião. O vôo 815 da Oceanic Airlines ia de Sydney (Austrália) para Los Angeles (EUA) quando rachou no meio em pleno ar. Os passageiros que estavam na metade dianteira do avião inexplicavelmente sobrevivem à queda. Essas 48 pessoas se vêem largadas numa ilha aparentemente inabitada e não-catalogada do Pacífico Sul, com quase nada de comida, remédios e esperanças de comunicação. O resgate é aguardado, mas os ilhados percebem que ele não virá tão cedo. Nos dias seguintes, em busca de comida e fuga, as personalidades vão se revelando, incluindo a da própria ilha - uma espécie de universo paralelo com leis naturais bem singulares e algo de sobrenatural também. A trama se desenvolve em paralelo: os acontecimentos estranhos na ilha são intercalados por flashbacks das vidas de cada um dos 14 personagens principais, com detalhes cada vez mais interessantes e reveladores. Como um monte de coisas aparentemente sem sentido acontecem em ambas as narrativas, o público tem tentado de tudo quanto é jeito achar explicações para a série, e já existem teorias aos montes (veja mais abaixo). Entre as dezenas de mistérios propostos na primeira temporada, os maiores foram: como eles sobreviveram; por que as vidas deles parecem interligadas; que diabos faz uma escotilha plantada no meio da selva; quem são "os outros"; e, claro, por que é que a ilha se comporta de maneira estapafúrdia. Praticamente tudo isso ainda está em aberto.

Os personagens principais são muitos, mas há os que se destacam em um momento ou outro. Veja uma lista ilustrada e com detalhes desse pessoal.

Beleza. Agora, só assistindo.

Lost promo banner is hosted by ImageShackCada capítulo instiga o raciocínio e a curiosidade de formas diferentes, adicionando complicações maiores a cada vez que fornece uma pequena explicação. Pense no seguinte: você está fazendo uma prova de química. Não faz a mínima idéia do que significa uma certa questão. Então, você abre sua mão que deveria estar vazia e lá está um papelzinho com a teoria em polonês, escrita com a sua letra. Só que, além de química, você também não sabe polonês. Sacou Lost? De onde veio o raio do papel? Como e quando você escreveu? O que quer dizer aquilo? Será mesmo uma cola ou não tem nada a ver com a prova? Depois de traduzir, como aplicar a teoria? Será que é confiável? Vai dar tempo de "desarregalar" os olhos, tentar entender isso tudo e resolver a prova antes dos 45 regulamentares? Pois é, filhote, você tá perdido...

Foi ótimo ter a temporada inteira disponível para ver na hora em que eu quisesse, porque algumas passagens de capítulos causam agonia absoluta e a gente tem de ver o que acontece em seguida. Esqueça por um momento o significado da palavra "intrigante". (Alguns segundos...) Agora, pense profundamente no real significado da palavra, que é pra ela não soar vazia. Pois é isso: Lost é intrigante até a tampa. Simplesmente acontecem coisas que você não esperaria que acontecessem em momento algum. Outras acontecem segundo o esperado e você não acredita assim mesmo, e ainda há aquilo que acontece bem ao contrário do que deveria.

Para os céticos, um argumento extra. Tem de existir alguma razão para que um cineasta exigente e brilhante como Darren Aronofsky tenha se confessado um fã ardoroso e se interessado bastante por dirigir um episódio da série. Infelizmente, o diretor do excepcional Requiem For a Dream está muito atarefado com a pós-produção de The Fountain e com a pré-produção de outros projetos e não conseguiu o tempo necessário. Além disso, o sortudo se prepara para ser pai do filho da fantástica Rachel Weisz. Se repetisse os passos de Quentin Tarantino, que se aventurou em CSI também por admiração e acabou consumando um dos melhores momentos da TV mundial em 2005, teríamos um episódio realmente memorável de Lost.

Finalmente, perspectivas. Na condição de espectador escaldado, eu diria que é bom ficar com o pé atrás com relação ao futuro de Lost. Se, por um lado, aceitarem alguma das teorias já propostas por aí e investirem nela, esgotam-se rapidamente o suspense e o gancho da série, e boa parte dos mistérios ficará inexplicada. Seria um ridículo anti-clímax ou um suicídio comercial gradativo. Por outro, estão "inventando" demais para que a explicação final (se é que há) saia de modo convincente. Marvin Candle is hosted by ImageShackAfinal, pode haver muita ficção científica ali, mas é quase certo que haja algum misticismo junto, ou pelo menos maneiras bastante improváveis de pura e simplesmente deformar a sorte. Suspeita-se também de conspirações políticas. Ainda é cedo demais pra afirmar, mas fica parecendo que a coisa toda está caminhando muito mais como diversão inconseqüente do que como construção consciente. Lost pode muito bem ser uma bolha, como o começo da internet comercial ou a Trilogia Matrix (aliás, não seria a única relação com essa trilogia...). Depositamos muita esperança agora porque a idéia é incrível em vários sentidos, mas... será que ela se sustenta?

Dizem que um filme está a caminho. Espero que consigam viajar direito na coisa e então fechem o boteco enquanto ainda estiverem por cima. Parece ser tão importante ter fé - Locke tem demais, Jack tenta arduamente e a palavra é trazida à tona o tempo todo. Mantendo a razão e um pouco de certeza, eu ainda tenho fé. Muita!

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Dados perdidos

Lost numbers are hosted by ImageShack- Essa vai principalmente para os iniciantes ou espectadores ocasionais: a série é incrivelmente entupida de detalhes. Ao longo da primeira temporada, por exemplo, a gente vai sabendo que alguns personagens tinham improváveis ligações prévias. A mais clara conexão até agora talvez seja o encontro de Sawyer com o pai de Jack. Às vezes, as revelações de tais vínculos são tão sutis que a gente não percebe ou não leva em conta. Um exemplo típico ocorre quando, num flashback, o coreano Jin vai à casa de um devedor e a TV do cara está ligada, no fundo, mostrando discretamente uma reportagem com o gorducho Hurley (e o motivo de ele estar na televisão é revelado depois). Alguém reparou no nome do motorista morto no acidente com a mulher de Jack? Falam duas vezes o nome "Rutherford", ou seja, o sobrenome de Shannon, cujo pai morreu. Ainda no tópico dos nomes, "Alvar Hanso" ou "Sam Toomey" têm toda a cara de anagrama, não? Já se sabe que alguns nomes no programa são realmente outros nomes embaralhados por alguma razão. Os "números malditos" (4 8 15 16 23 42) também estão presentes pra todo lado quase desde o começo, com alguma ocasional variação, mas a gente nem se dá conta - até porque não sabe que eles terão importância no futuro. Depois, vale até congelar cenas pra dar uma olhada em fundos e detalhes. Referências vagas jogadas em um episódio são constantemente mencionadas em episódios seguintes, muitas vezes também de forma vaga, criando uma continuidade que acaba fazendo algum sentido. Basicamente, tudo em Lost merece uma segunda olhada ou interpretação.

108 clock is hosted by ImageShack- 108: o termo "dharma" vem do sânscrito e tem a ver com hinduísmo, budismo e esse pessoal indiano todo. Parece que significa algo como "o único meio verdadeiro de viver", ou "o caminho da verdade e da iluminação", ou ainda "o centro de tudo, a essência da realidade e da vida". O número 108 é altamente significativo dentro dessas religiões. Por exemplo, elas consideram que são 108 os nomes de Deus; os colares ou guias dos gurus são usados em número de 108; o nirvana (ou um conceito do gênero) é guardado por 108 portões, que só são atravessados quando você cumpre 108 provações e por aí vai.

- Teorias: veja uma compilação das principais teorias já especuladas em conjunto nos fóruns de internet. Cuidado: se você não viu tudo ainda, elas podem estragar a sua surpresa. Em qual eu acreditaria? Em nenhuma, ou na combinação de umas quatro em harmonia e com toques extravagantes imprevisíveis. Algumas das teorias mais insistentes já foram desacreditadas em entrevistas com os próprios criadores da série, como (cuidado de novo) aquelas que dizem que todos estão mortos, que há intervenção alienígena, que ocorrem ou ocorreram dobras espaço-temporais ou que seja tudo uma alucinação coletiva ou de um dos sobreviventes. Convenhamos, são teorias mais "fáceis". A gente espera mais dos escritores que fizeram essa cama. Agora, terão de deitar nela...

Lost soundtrack 1 is hosted by ImageShack- A trilha sonora da série está sendo lançada agora no final de março, nos EUA. Fiquei surpreso por lançarem uma trilha, já que a música não é exatamente uma prioridade por ali e nem mesmo há uma faixa-tema - a não ser o barulhinho muito legal que parece Além da Imaginação. Mas existem, sim, músicas incidentais aos montes, e eu é que comi mosca. O compositor Michael Giacchino inclusive ganhou um Emmy por seu trabalho na série. Agora, o que é realmente estranho são os títulos das faixas, com uns trocadilhos de doer ("trocadilhas", diriam eles):

1. Main Title
2. The Eyeland
3. World's Worst Beach Party
4. Credit Where Credit Is Due
5. Run Like, Um... Hell?
6. Hollywood and Vines
7. Just Die Already
8. Me And My Big Mouth
9. Crocodile Locke
10. Win One for the Reaper
11. Departing Sun
12. Charlie Hangs Around
13. Navel Gazing
14. Proper Motivation
15. Run Away! Run Away!
16. We're Friends
17. Getting Ethan
18. Thinking Clairely
19. Locke'd Out Again
20. Life and Death
21. Booneral
22. Shannonigans
23. Kate's Motel
24. I've Got A Plane To Catch
25. Monsters Are Such Innnteresting People
26. Parting Words
27. Oceanic 815

- Assim como o meio da primeira temporada trouxe o especial Lost: The Journey, há também um episódio especial no meio da segunda temporada chamado Lost: Revelation. Ambos procuram compilar a história de modo compreensível para quem chegou atrasado, além de antecipar algo do fim daquela temporada em questão. Revelation é também narrado por Peter Coyote e mistura flashbacks com os acontecimentos da ilha. Foi exibido junto com o episódio The 23rd Psalm, justamente aquele em que... uma grande revelação é feita. Um outro especial de retrospectiva foi Destination Lost, exibido pela ABC (e pelo AXN, no Brasil) imediatamente antes da estréia da temporada atual. A intenção também era de recapitular, mas envolvendo a temporada inteira e preparando o terreno para a próxima.

- O próprio elenco da série andou meio desorientado e pedindo respostas aos escritores, porque nem eles mesmos fazem idéia do que se trata a ação. Aliás, já ficou famosa a história de que algumas cenas-chave foram filmadas de "surpresa" ou então meio no improviso, para conferir realismo. Atores foram vendados e levados ao local de filmagem para que a câmera pegasse a expressão autêntica, e cenas de muito suspense foram passadas ao elenco de forma "econômica": só as falas e deixas de cada um e nada dos outros personagens.

Matthew Fox is hosted by ImageShack- Resgatando os sobreviventes: na coluna "Cumieira", eu procurei revisitar algumas coisas que foram ditas em colunas anteriores. Não sei por qual razão, mas faltou justamente uma ressalva a Lost que já vinha na minha cabeça há dias. É que, quando eu falei sobre o Golden Globe (também em coluna anterior; veja ao lado), tirei muito do mérito de Matthew Fox como protagonista e entreguei a glória a Naveen Andrews e seus outros colegas. Provavelmente, eu tinha visto pouco da participação de Fox até então e vinha mantendo na cabeça o papel lacrimoso dele em Party of Five. Hoje, cumpro 10 chibatadas diárias ao som de "Jack não é só Bauer". O ritual tem previsão de terminar quando o monstro da ilha mostrar a cara. Mas reforço algo que também disse, então: o elenco de apoio é realmente extraordinário. Parece de propósito, mas dei uma derrapada também na última coluna, sobre música. Ficou de fora um rascunho que eu tinha feito sobre a música que toca bastante no começo da segunda temporada (e que não está na trilha acima). Mama Cass cover is hosted by ImageShackVocê certamente conhece uma banda chamada The Mamas and The Papas, que tocava o hino hippie California Dreamin', certo? A banda se desfez em 1968 e sua vocalista mais competente e carismática, Mama Cass Elliot, seguiu uma carreira-solo de sucesso. É ela quem canta Make Your Own Kind of Music, a música tocada em Lost. Se, no fim da série, tocarem Dream a Little Dream (outro sucesso enorme de Elliot), eu vou pessoalmente ao Havaí dar meia-hora de bicudo no J.J. Abrams. Esse papo de "era tudo um sonho" não se faz!

- Falando em Havaí, já é notório que a série é filmada por lá. Mas a ilha fictícia é formada por muitos lugares diferentes situados na mesma ilha real de O'ahu.

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Diferentes acontecimentos foram filmados em regiões distantes uma da outra, mesmo aquelas que parecem próximas. O local da queda é diferente do local do acampamento, que não é o mesmo local das pedras em que Locke ficava no começo. As cavernas são em estúdio (e feitas de borracha) e muitas das cenas de flashbacks são filmadas na "parte urbana" da própria ilha ou em um monte de locações em cidades próximas, incluindo Honolulu. E ainda há o que seja feito em estúdios hollywoodianos, em Los Angeles... A estréia da segunda temporada foi feita na praia principal de O'ahu, para o público local e com a presença de todo o elenco.

- Rousseau e John Locke são nomes de filósofos, e ambos propuseram teorias sobre a natureza do homem "puro", não-civilizado. O nome de um dos primeiros episódios da série é Tabula Rasa, uma referência direta à filosofia de Locke, que propunha que o homem, ao nascer, é um "quadro em branco". O curioso é que a atriz Mira Furlan, que faz a misteriosa Danielle Rousseau, não é francesa (é croata) e Terry O'Quinn, que interpreta Locke, não é inglês (e, sim, americano). Mas ambos representam legal o lance de "ser selvagem". Além dos filósofos óbvios, o pessoal mais literato já encontrou dezenas de referências diretas a livros diversos, em cenas, nomes, diálogos, descrições, etc.

William Mapother is hosted by ImageShack- O ator William Mapother, que fez o malvadão Ethan, não deve ficar muito feliz com essa referência, mas... sabe quem mais é Mapother? Pois é, o Ethan é primo de Tom "Tostines" Cruise (originalmente, Thomas Cruise Mapother IV). Antes ele do que eu. O "Tostines" vem da questão "A cientologia deixou ele doido ou ele já era doido a ponto de procurar a cientologia?" Ou ainda de "O pequeno Tommy se vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque se vende mais?". Processa eu!

- Ainda não se sabe exatamente o que o espectral garoto Walt falou em sua aparição no meio do mato. É certo que pelo menos uma parte do texto está de trás pra frente (como rodar o vinil do Led Zeppelin ao contrário para descobrir mensagens ocultas), mas há controvérsias quanto à mensagem. The raft is hosted by ImageShackAlguns sustentam que ele diz algo como "Aperte o botão. É ruim não apertar o botão!" enquanto outros sugerem o contrário: "Não aperte o botão. O botão é mau!". Eu mesmo não consegui concluir muita coisa ao jogar o áudio num programa e invertê-lo, mas suspeito que metade da fala esteja em ordem normal e metade esteja invertida. Mesmo assim, não deu pra sacar direito e só se ouvem com mais clareza as palavras "button" e "bad".

- A seguir: existem umas revelações na nova temporada que já são mais ou menos públicas. Por exemplo, a temporada será, de certo modo, dividida em três partes. É uma forma de os produtores tentarem driblar a quantidade absurda de reprises que os americanos estão tendo de engolir por conta de eventos esportivos e feriados (a audiência caiu bastante, inclusive), ao mesmo tempo em que conferem um ritmo diferente à série e criam "arcos" mais curtos, agora que os personagens já se conhecem. Katey Sagal is hosted by ImageShackOutra coisa é a participação de Katey Sagal (ninguém menos que a velha Peg Bundy, ou a mãe de 8 Simple Rules) nos próximos episódios, assim como a introdução de mais gente bastante significativa na série, seja na ilha ou fora dela - com direito a um episódio tratando só desse pessoal. Além disso, Claire vai se lembrar do que aconteceu quando foi raptada. E um personagem central vai morrer em breve - o episódio já foi transmitido nos EUA. Os escritores deixaram claro que praticamente não existem intocáveis na série e que qualquer coisa pode acontecer com qualquer um. Ainda que pareça óbvio numa série dessa natureza, é bom ressaltar que a trama vai mesmo ficar mais intrincada e que as coincidências nas vidas dos personagens estão longe de terminar. Parece que ainda há muitas conexões a caminho, inclusive uma mais, digamos, física... Ah, e Sawyer corta o cabelo. Tchén!

- Grandes questões para a segunda temporada: como as anteriores não foram respondidas, as de agora são cumulativas. Além dos "outros"... haveria outros "outros"? O que diabos é o Projeto Dharma? O que aconteceu com a mulher de Jack? E com o pirralho Walt? A escotilha e seu conteúdo têm a ver com o "monstro" que chacoalha árvores, almoça pilotos e prende o Popeye da floresta pelo pé? Como aqueles números se espalharam e saíram influenciando tudo e todos daquele jeito?

Lost DVD box is hosted by ImageShack- A série é atualmente exibida em mais de 50 países (alguns dizem até 70), com sucesso em todos! Entretanto, deve existir alguma diferença entre a caixa de 7 DVDs, lançada no Brasil e em outros lugares, e outras, que parecem ser européias - uma com 6 discos e outra com 9 numa caixa de madeira. Ainda não descobri se há alterações de conteúdo (tudo indica que não), mas a caixa de madeira é de encher os olhos. Parece que não se trata do formato DVD9 (dual layer), mas sim de 9 discos mesmo.

- Downloads pra quem é de downloads:

Dharma orientation video is hosted by ImageShack* Acompanhou o começo da segunda temporada? Então, que tal baixar o vídeo do Projeto Dharma? É só clicar no cisne. Está tudo lá: ursos polares, fenômenos eletromagnéticos, a psicologia do condicionamento de Skinner... e explicação nenhuma, claro.

* Por falar no Dharma, aqui está o tipo do troço inútil que faz a alegria dos fãs: o relógio que vai até 108 e tem de ser controlado pelos "Lost numbers".

* Pra dar risada até doer, mas só se você tiver visto a primeira temporada: The Lost Rhapsody. Mesmo sendo piada, temos spoilers... Cortesia do bom e velho Sr. Weird Al Yankovic, claro.

* Na "Escotilha de Lost", você vai encontrar mais um bocado de tralha interessante. Veja lá: http://www.losthatch.com/. This picture is hosted by ImageShack


Dharma is hosted by ImageShack

- A minha teoria até aqui? Uma série fixa de números, transmissão aberta por rádio (mensagens subliminares?), a menção a Skinner, as conexões prévias inexplicáveis entre aquele pessoal todo, e ainda o projeto que parece poder financiar qualquer coisa, com um possível doido no leme - isso tudo leva a um ponto comum: brincar com as cabeças deles e com as nossas. Ou seja, psicologia pesada. Talvez todos tenham sido preparados desde o nascimento - os pais seriam "seguidores" do Projeto Dharma -, e muitas das estranhezas da ilha sejam, na verdade, fenômenos psicológicos induzidos durante anos. A coisa toda certamente não é uma alucinação, mas eu não descartaria implantes de memória à la Wolverine, sugestões pós-hipnóticas e rituais de condicionamento barra-pesada desde o berço. Alguns surtam do nada, outros se acalmam do nada, outros enxergam ou ouvem ou mudam de personalidade, mas todos têm sensações esquisitas bem particulares. A queda talvez nem tenha existido, mas o pós-queda sim. Bastaria o Dharma "criar" o vôo 815, dopar os passageiros já selecionados (ou acionar as sugestões), brincar levemente com a cabeça deles e, da praia "montada" em diante, todos acreditam na mesma coisa e estão por conta própria. Uma vez soltos na ilha especialmente preparada - se fizeram uma escotilha e tudo aquilo mais, por que parar por aí? -, temos o maior estudo comportamental da História, incluindo sociedade, religião, o homem selvagem e outros tópicos legais. Não precisa de alienígenas nem de governo ou reality show: a ilha é um béquer gigante! Todos os personagens têm problemas profundos (e "convenientes") de vida familiar, o que também casaria com a devoção - ou, mais uma vez, - dos pais ao entregarem seus filhos para o projeto. O pessoal da matemática anda entregando os pontos com relação aos números, uma vez que não conseguem encontrar relações entre eles. Talvez porque não existam! O gatilho para indução ao comportamento pode ser escolhido ao acaso, e aqueles números podem bem ter sido escolhidos sem padrão algum, exatamente para nós e os sobreviventes ficarmos nos perguntando o que significam e assim fugirmos da questão central. Nesse contexto, a série demoraria um bocado para chegar a um final... Diversos detalhes poderiam ser discutidos e especulados, mas vamos a esperar a série andar, né? Então, qual a sua teoria?